terça-feira, 9 de julho de 2019

ÚLTIMO FILHO DE ADÃO!


Cruzei o Antigo Jardim da tentação, sem provar maçã alguma. Angelicais alados disseram, filho de Adão, filho de Eva. Nadei em um oceano de sensações. Não submergir ao mar de indiferenças, e vozes de muitas águas disseram: Filho de Noé! Abri mão de campinas verdejantes para subir montanhas para sacríficios, tentei exercer minha fé. Humanos declararam, filho de Abrão. Enfrentei o poder da inveja, provei do fel da traição. Fui humilhado, vendido, escravizado, tentado, trancafiado, tudo por causa de um sonho. Me tornei o segundo maior líder do Egito. Olhei nos olhos de quem tanto mal me fez e sem ressentimento ofereci perdão. Meus irmãos declararam, filho de José. 

Sobrevivi ao Rio e sua fúria logo ao nascer. Renascido das águas fui guiado ao deserto, com pés cansados, prevaleci contra o calor do dia, fui protegido do frio da noite e o mar se abriu a mim como milagre Divino. A lei disse, filho de Moisés. Fui homem justo, trabalhei arduamente em terra não apropriada. Sofri perseguição. Lutei em batalhas sangrentas. Treinei minh'alma para ter ao lado qualidade ao invés de quantidade. Como comandante de meu exército, venci a guerra improvável com apenas 300 guerreiros leais, derrotando um á um dos milhares que se ergueram com espadas e lanças contra mim. Que me identificaram como varão valoroso, filho de Gideão.

Eu era Nazireu, venci tantas batalhas em nome de Deus. O azeite da santa unção banhava inspirava minha força e o brilho das minhas realizações. Até que minhas vaidades me fizeram revelar segredos a quem não devia. Dalila cortou meus cabelos, furou meus olhos e comeu meu coração. Minha alma eu vi, caindo por conta de um voto. Fui acorrentado em minhas emoções. Mas, orei, arrependido, clamei, com lágrimas solicitei de volta o poder. Um renovo me ergueu, na alegria que surgiu, a unção brotou, e minha força prevaleceu, quando o Criador de mim se lembrou. Fui terror para o filisteu, que a tudo assistia, por fim, morreu. Meus adversários me reconheceram como filho de Sansão.

Fui estrangeiro em terra de gigantes, para conquistar leite e mel como promessa. Muralhas se ergueram ao meu redor, e as derrubei com som de músicas, com flautas, trombetas, danças, e elas ruiram. Lutei na Jericó da existência e triunfei contra meus inimigos. Fiquei conhecido como filho de Josué. Ajudei minha sogra na lavoura da vida, a sustentei para que ela não sucumbisse a fome. Cuidei dela como se fosse minha mãe. Me chamaram de filho de Rute. Fui o milagre concedido pelas lágrimas de uma mãe estéril. Desde de menino jamais deixei de ouvir a voz de Deus. Ajudei meu tio, velho sacerdote, até sua morte. Ungi e ergui dois reis sobre a nação. Me retrataram, filho de Samuel.

Proclamei um jejum coletivo para proteger meu país. Livrei meu tio da forca, com a força do amor. Fiquei conhecido como filho de Esther. Fui copeiro do rei. Edifiquei muros, fui muito invejado. Mas, eu tinha uma missão e não podia parar, pois, tratava-se de uma grande realização. O zelo pelo templo quase me consumiu. E na canção ouvi, Filho de Neemias. Em uma terra árida e seca, eu profetizei que iria chover. Do mesmo céu que desceu águas, fiz fogo descer. Um místico poetizou, filho de Elias. Multipliquei a farinha na panela e o azeite da viúva. Presenciei milagres de Deus. O moço me  chamou, Filho de Eliseu.

Fui criado como menor de minha família. Sobrevivi as bestas feras, derrotei lobos, leões e ursas por amor das ovelhas do aprisco de meu pai. Como menor, fui erguido contra Gigantes, e até Golias foi ao chão. Fui perseguido por meu sogro. Fui invejado por minha esposa. Adulterei meu coração nos seios de mulher não minha. Lhe fiz esposa. Me tornei, o maior entre os reis de minha época. Salmistas poetizaram em canções, filho de Davi. Não almejei enriquecer minh'alma. Pedi ao Dono do universo apenas sabedoria para cuidar de seu povo. Me tornei o rei mais sábio e rico que já existiu. Súditos saudaram, Filho de Salomão.

Era reconhecido como o maior comerciante do extremo oriente. Tinha frotas de camelos, gados, ovelhas, além das especiarias mais raras e nobres da épocas. Minhas filhas eram as mais inteligentes e belas que haviam na minha região. Minha esposa extremamente gentil, doce e delicada. Até que do dia pra noite perdi meus bens, minhas filhas e meus amigos. Com minha esposa alterada, expressando terrivel loucura. Chorei, ajoelhado em prantos, coberto de cinzas como pó que sou, só pude adorar. Simplesmente orar por meus amigos e adorar. Quando Deus me restituiu tudo em dobro, meus amigos exclamaram com surpresa : Filho de Jó!

Habitei um povo de impuros lábios. Sendo voz poética de profecias. Mas, ninguém me ouviu. Quando descoberta foi a nudez de minh'alma, revelado meus ocultos segredos. Alguns ao redor, notaram, filho de Isaias. Fui chamado por Deus, no berço, quando eu nem sabia falar. Embora, fosse apenas uma criança, obdeci, a voz do verbo a me enviar. Questionaram, filho de Jeremias. Fui da beira de rios e lagos magnificos, á terriveis vales de ossos secos. Pude ver Deus erguer seu exército das cinzas. A voz penetrou o silêncio, filho de Ezequiel. Era o jovem mais sábio de minha época. Servi a grandes líderes. Mas, fui abandonado em uma cova, prestes a ser devorado por leões. Enquanto meus amigos, sobreviviam ao fogo, o Quarto Homem da fornalha apontou, Filho de Daniel.

Observei nuvens e raios, chuva sobre o sertão. Adorei pelo fim da sequidão. Embora eu tivesse disposto a sobreviver a dor. Deus mandou a chuva. E ainda que a figueira não floresça, ou falte o fruto da vide, o produto da oliveira minta, e nos campos não haja mais gado. Eu confiarei em ti Senhor. Farei do teu nome meu escudo e realização. A terra disse: Filho de Habacuque. Senti o verbo encarnar sua vontade em mim. Trilhei minha via dolorosa com pés descalços e cansados de tanto sofrer. Tomei minha cruz pra seguir por amor incondicional o Mestre das mãos furadas. E o pai, chorando emocionado. Este é um filho do homem. Não é heroi nem vilão. Não é anjo nem demônio. Apenas mero mortal. 

Encontrei o Inventor do tempo, com a balança das eras nas mãos, e com voz gentil,  lhe cantei: " Deixa penetrar a Luz, deixa penetrar a Luz. Que a bondosa luz de Deus brilhe em ti. E será feliz assim.". Serafins, Arcanjos e anjos, que me observavam, riram, e iluminados, entoaram outro fragmento de uma canção terrena como se fosse eternal: "Todos juntos, o louvemos. Mestre, salvador, e redentor. Juntos, o louvemos. Régio Dominador.". Então sobre mim, o céu foi desenrolado, uma escada enigmatica apareceu diante de meus pés. Um vento transpassou-me pela têmporas me indicando o caminho. Cada passo que dava pra baixo, mais minha alma se elevava ao ares.

Quando pisei suave o tapete de nuvéns, minha pele foi sacralizada, como se eu fosse um chipe. E aquelas fossem as informações puras de meu ser. Os pêlos de minha pele tornaram micro fios de ouro. Todo tipo de boas Vozes surgiam da Luz radiante e penetrava meus ouvidos com mais fragmentos de canções, " Sol e Lua, coros estrelares, sua magestade anunciai. Hostes grandes, cento de milhares. O seu poder eterno mostrai. Ventos, chuvas, raios, trovoadas. Revelai o forte Criador. Vós, dizeis, oh serras elevadas, quão grande é meu Senhor!". Felicidade vívida e tão intensa, que eu chorava enquanto ria. E ria enquanto chorava. Alegria ilariante, que me arrebatou os sentidos.

Olha dava pra ver o brilho encantador de milhares de ruas de ouro, e o esplendor e imensidão dos mares de cristal. Altos cedros, gramas verdejantes. Com folhas minúsculas que flutuavam como penas. O aroma no ar, parecia cura. Até que gritei minha saudade no palácio do Ameno. Exclamei, Divino! Reluz o luar na ressurreição das estrelas, brilhe a alma, e reviva minha flor, para que refaça neste paraiso celeste a preservação da memória do antigo jardim. Meu projeto Éden 7.0, onde maçãs e uvas possam ser consumidas. Nenhum fruto de árvores sejam proibidos. E as serpentes, finalmente, tenham sido extintas e expulsas. Pra que seja garantido a inocência do Amor Eterno.

E a voz de muitas águas disse na velocidade dos raios solares: Entre meu menino, filho da Luz. Receba tua herança, Centelha Divina. Está concedido a aliança dos ares, pode abraçar a noiva. Luna Fênix e Tordo Solares, aceitam consumar o fato sagrado de vossa união? Sim. Sim. Adam, eis aí sua Eve. Pequena Eva, eis aí, o Filho de Adão. Consagrado está este matrimônio eterno. Cupido e o coral celestial tocaram canções que nem o coração do compositor mais romântico ousou imaginar. E eles permaneceram felizes pra sempre. Durante toda conjunção das eras. Quando fechei meus olhos para provar de teus lábios, acordei. Comecei a rir, tudo não passou de um sonho bom, onde nada era real.
Beijos, não se preocupe comigo.
Prometo ficar bem, minha pequena Eva.


Ninho,
Versão: Último Adão
Tom: Sonhador.
Conto: Utopias do Amor.
Fim de Uma Era.
No fim, O Recomeçar. 

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