domingo, 7 de julho de 2019

DE UM CAIPIRA PARA UM COWBOY


Ei Pai, acho que não iria gostar muito de como me sai hoje. Sei que já faz uns 5 anos que você partiu. É triste saber que você se quer se despediu. Olha, nem sei se pode me ouvir. Ao menos, acho que seria estranho se lhe ouvisse dizer que sim. É que me tornei um evangélico daqueles bem caipira. Já você, viveu como um bom cowboy. 

Cara, só queria que soubesse que, hoje eu entendo melhor o significado de tudo que me dizia. Sinto que suas frases e canções ganham melhor sentido agora, do que quando eu era criança. Estou quebrado. As decisões que tomei não me levaram a um destino muito diferente do seu. Você era menos chorão que eu? Eu sei, você era duro na queda! Homens não choram. Cabra durão.

A propósito, lembra que minha mãe abandonou a gente 1996? Pois é, ela está morando na minha rua. Em uma casa pior que a nossa na época. Tia Sônia, não entregou a parte dela na herança até hoje. Sr. Horácio, provável está com os apartamentos do Espirito Santo. E ela com os da praça Jauru. Por ela haver casado quando fugiu, perdeu a pensão da marinha. Eu não sei nem por onde começar.

Talvez se você tivesse vivo, meu orgulho não me deixaria admitir. Mas, sinto falta do teu abraço. De teus olhos verdes penetrantes, me analizando por inteiro. Sei que odiava minhas girias. Mesmo assim, velho, hoje estou tão triste, que o único papel que restou a mim, é ser eu mesmo. Com aquela autenticidade nada peculiar. Espero não está pertubando teu descanso.

Mas, é que aqui tá uma merda. Tanta coisa dando errado. Que fica até inusitado eu me considerar certo. Ainda estou com aquela garota, só que ela tem um talento pra cagar tudo, que me espanta. Passei os últimos 90 dias trancado em meu apartamento, estudando feito um louco. Apenas para garantir um futuro pra sua neta. E após está apto, fracassei por 6 malditos minutos.

Lá na terra de tua infância, Santa Teresa. Lembra dos bondinhos? O local de prova não passava ônibus, nem trem, muito menos metrô. E eu fiquei brabo demais. Se um capiroto entrasse no meu caminho, seria o suficiente para eu explodir o inferno. Tudo por conta da limitação do maldito do dinheiro. Eu conto os dias do papel moeda acabar, e o "dono" do mundo inventar outro jeito pra tentar ser feliz.

Estive pensando, deve haver alguma razão em tantos fatos sem nexo que casualmente estão cirandando. Religião, um ópio! Política, uma droga! Já que sou viciado em amor, tentarei lhe dar ouvido e retormar meu projeto musical. Surgiu uma oportunidade de apresentar pra uma banda algumas de minhas músicas, e acho que irei tentar. Se não der em nada, nada perdi.

Como diz a música: " Em festa de rodeio, ninguém fica parado.". É pra frente que se anda, e pra cima que se cresce. Olha os espíritas conversam com os mortos, eu como evangélico, não possuo tal costume. Embora, eu me sinta bem a vontade pra lhe dizer, onde estiver, torça por mim. Pois, estou sedento por vencer. Porém, precisa ser sem atalhos. E com a benção de Deus.

Chegou a hora, de pegar seu violão,
Aquecer o público ao redor com aquela canção inspirada.
Vestir sua roupa de Cowboy, orar a Deus por proteção.
Entrar na arena, domar o boi brabo da vida.
Ouvir o berrante, e a torcida gritar, segura pião!
Ter fé que não sofrerei queda mais uma vez.

Se não foi desta vez, quem sabe na próxima. Fui. Beijos pai.

Ninho.
Versão: O Quebrado
Tom, Injustiçado
Conto: Dureza da Vida Real.
Boi brabo da vida. 

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