Em um cenário global marcado por guerras híbridas, a cibersegurança transcende o âmbito técnico para se tornar pilar essencial da democracia, especialmente em nações como o Brasil, onde a polarização digital amplifica vulnerabilidades. Projetando para 2026, com o aumento de ataques estatais a infraestruturas críticas — como o apagão cibernético que paralisou o sistema elétrico europeu em 2024 —, o país deve confrontar o paradoxo de uma conectividade crescente aliada a defesas obsoletas. Essa realidade impõe à ABIN o desafio de proteger não apenas dados governamentais, mas o tecido social contra manipulações que minam a confiança nas instituições.
A fragilidade cibernética brasileira remonta a incidentes emblemáticos, como o ataque ao Superior Tribunal de Justiça em 2021, que comprometeu processos judiciais e expôs 1,2 milhão de documentos sensíveis. Esse episódio, orquestrado por hackers estrangeiros, ecoa o ciberataque russo à Ucrânia em 2022, onde malware paralisou serviços públicos, ilustrando como nações autoritárias utilizam o ciberespaço para desestabilizar rivais. No contexto nacional, a dependência de tecnologias importadas agrava o problema: segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial de 2025, o Brasil ocupa o 78º lugar em maturidade cibernética, o que facilita infiltrações em eleições, como as interferências detectadas em 2022 via bots em redes sociais. Tais brechas não só violam a privacidade, mas erodem a legitimidade democrática, fomentando narrativas de desconfiança.
Além disso, a interseção entre cibersegurança e geopolítica revela desigualdades estruturais. Países como Israel, com sua “Startup Nation” dedicada a ciberdefesas, investem bilhões em IA para detecção de ameaças, enquanto o Brasil, com orçamento limitado para a ABIN, prioriza reações em vez de prevenções. Essa assimetria é agravada pela ascensão do crime cibernético organizado na América Latina, com grupos como o “RansomHub” extorquindo empresas em 2025. Consequentemente, a ausência de uma estratégia unificada expõe setores vitais, como o agronegócio e a energia, a sabotagens que podem desencadear crises econômicas, comprometendo a soberania alimentar e energética.
Para reverter esse quadro, o Poder Executivo, em articulação com o Congresso Nacional, deve aprovar a Lei de Cibersegurança Nacional, alocando 2% do PIB em fortificações digitais até 2028, incluindo a criação de um Centro de Excelência em Inteligência Cibernética na ABIN, com parcerias público-privadas para monitoramento em tempo real. A sociedade, por sua vez, via campanhas educativas do Ministério da Justiça, deve promover alfabetização digital em escolas, cultivando uma cultura de vigilância coletiva. Dessa forma, o Brasil não apenas blindará sua democracia, mas posicionará a ABIN como referência regional em resiliência cibernética.
Por: - Edson Alves
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