terça-feira, 28 de maio de 2019

O ERUDITO



Sei que tenho sido incompreendido. Primeiro, isso não me afeta. Segundo, a curiosidade é perigosa quando má interpretada. Terceiro, admito, que há alguns que se preocupem de verdade. Sem máscaras, disfarces, nem frases prontas. Então, esta é uma oportunidade que reservo, sobre um tema pouco peculiar para me conhecerem melhor. Nem leão, nem lobo, nem interesseiro, nem tirano, como representado na imagem acima. Neste texto explico a real origem de quem sou.

Divirtam-se!

Tem tanta gente imaginando ao meu respeito que fico fascinado pelas caricaturas expressas de mim. Então, me permita ajudar a melhor me compreender. Conheça-me por meus próprios olhos na nova série de textos denominadas por contos, de lágrimas imperiais. Devo lembrar que tudo que escrevo, registro como obra literária a posteridade. E que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, fruto de acasos e aparências, não significando reprodução fidedigna e real dos fatos. Sendo assim, se permitam extinguir paranoias.

Gosto que me citem "expse-literi", a risca, pois, quando mudam o que digo, mudam igualmente a interpretação. Procuro sempre minhas palavras com esmero. Não escolho de maneira aleatória, pois, não desejo expressar-me ao acaso. Minhas afirmações possuem sempre um destino. Porém, esta busca pela perfeição textual acaba expondo demais não apenas como penso e percebo a vida. Mas, quem de fato eu sou, como me identifico, e em momentos ineditamente raros minha erudição revela segredos.

Desde dos 7 anos de idade, eu percebi que existia algo extraordinário em mim. Algo que me inspirava a ser diferente. Me comportar destacado da maioria. Eu queria ser igual, mas, não conseguia. Por muito tempo, meu maior receio foi desvendar o real propósito de eu haver nascido assim. Porém, para minha surpresa, o que parecia defeito, era na verdade um raro talento milenar, um dom celestial, uma capacidade cerebral, que me permitia usar partes diferentes do cérebro. Brilhante e assustador!

Se por um lado, era fenomenal obter resultados superiores aos demais com métodos totalmente diferentes. Por outro, o efeito colateral sobre meu cérebro como músculo me parecia como uma exaustão mental. Dores de cabeça noturnas terríveis. Faziam minhas forças esvair. O preço a ser pago por minha genialidade poderia ser a morte. Tive que começar a treinar minha psiquê, e garantir pausas e repousos necessários na preservação e otimização do bom uso do meu intelecto.

Lembro-me que quando criança, eu escrevia as letras ao contrário. Tinha vergonha que meus amigos percebecem minha aparente deficiência. Então, tive a louca ideia de memorizar tudo através da atenta observação. No início, foram palavras, depois, exercícios matemáticos de cabeça, depois textos historicos inteiros de có e salteado. Porém, apesar de notas excelentes, havia uma falha. A professora cobrava a razão do meu caderno estar sempre em branco, meu pai foi chamado na escola, e fui envergonhado.

O corpo docente entendeu tudo errado. Disseram que minhas anotações ínfimas no caderno não justificavam minhas notas elevadas. Que precisavam fazer novos testes comigo, pra saber se eu detinha o conhecimento, ou se eu estava trapaceando para alcançar notas maiores. Meu pai riu, e autorizou. Após um dia inteiro de exames, chegaram a duas conclusões. Primeiro, que realmente eu era um erudito intelectual, em provas orais. Porém, em provas discursivas eu era inútil.

Naquele dia eu senti tanta vergonha de mim mesmo. Não tive coragem de falar com meu pai durante uma semana. Até que um dia, decidi me desafiar e me tornar tão genial na escrita quanto na arte oral. Comecei a ler todas os gibis da biblioteca. Depois as revistas. Os livros. Os jornais. Lia, copiava e chegava a exaustão mental. Chegava em casa, apenas conseguia dormir. Foi aí, quando por acaso eu descobri, que eu era especial. Uma professora solicitou que refizessem os testes comigo.

Só que desta vez seria, primeira parte, oral, segunda multipla escolha. Advinha o resultado? Nota máxima em tudo. Fizeram teste de QI, e concluiram o que eu já sabia desde que nasci, que eu era especialmente diferente de todas as crianças da escola. Chamaram novamente meu pai na escola. Explicaram a situação, se desculparam pelo embaraço e me aprovaram da primeira, para quarta série. Então, aqui vale ressaltar, eu fiz da primeira a quarta série duas vezes. 

Meu pai não buscou o histórico na escola Virgilio Várzea depois que me mudei da minha tia no Pechincha, para o Ciep de Nilópolis. Mesmo assim, recebi o presente celestial da restituição. Mas, como é a mente de uma pessoa igual a mim. É possuir uma cultura vasta sobre determinado assunto. É ser um auto didata musical, capaz de também ler partitura. É ser um fenômeno literário e mesmo assim trocar ou errar palavras fáceis. É memorizar mil imagens, e trocar nomes, confundir pessoas.

É ser prolixo, sistemático, didático, gênio, erudito, sendo capaz de fazer qualquer coisa de forma profundamente elaborada.  Com uma vontade insaciável de estudar, uma inesgotável capacidade de aprender, e um indescritível esplendido dom para ensinar. Uma terra fértil e criativa, capaz de produzir facilmente fábulas, lendas, teorias, ficções, fantasias, realidades previsiveis. Enfim, ilimitável. Seu raciocínio é brutal. Sua argumentação, fatal. Sua conclusão magistral.

Uma enciclopédia ambulante, dominio de uma linguagem culta, e por hobby uso imprevisivel da comunicação popular. Sabe ser interessante, misterioso, assim, como claro, direto e objetivo. Sabe ser transparente quando necessita. É uma biblioteca das historias do mundo. É o amâgo de todas as artes. O registro de todas literaturas. Seu olhar grava dos detalhes da expressão do rosto mais perene. Até as ilariantes e profundas experiências de todas nossas estorias. Detem nossas melhores biografias.

É tão entendido, que um gesto ou olhar é suficiente para captar o que desejamos dizer. Seu esclarecimento é tão espantoso, que demonstra possuir uma sabedoria abismal. Um iluminado, dotado da origem de todas proposições religiosas. Tão fantástico na arte de crer e tão imensuravel como ser, que não se limita a nutrir fé pra ser ateu. Esse é o mérito. O erudito, reconhece que a sabedoria de Deus é loucura para humanidade. E que sem o Divino seria mero alucinado. Néscio e mortal. 

Seu alto nível de instrução não é nada sem Deus. Sua tenaz desenvoltura textual e retórica, não é nada sem Deus. Seu classicismos e seu estonteante discurso, não é nada sem Deus. Sem Deus, eu não passo de mero "pocahontas", uma criança metida, um infantil mimado. Sem Deus, sou um humano ébrio, um adulto acéfalo, um ser que delira para desfarçar sua loucura com status de copiosa genialidade. Um eterno aprendiz. Tudo que sou e posso ser, é pra Glória de Deus. Happy Funny.


Ninho,
Versão: O Erudito
Tom: Intelectual.
Conto: Lágrimas Imperiais.


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