quinta-feira, 30 de maio de 2019

O EREMITA, A JOVEM E O DRAGÃO.


Qual a missão da minha existência?
- Perguntei ao Mestre Ancião

O Ermitão me respondeu.
Está escrito nas estrelas
E sorriu, sem dizer nada mais

No alto de uma montanha, um menino hiberna na caverna.
No pico de uma cachoeira, um jovem testa e aumenta a força.
Em vales assombrosos, um adulto tenta sobreviver ao terror.
Em desertos escaldantes, um senhor sedento, faminto, peregrina.

Todos buscam respostas. Todos procuram solução. Aguardam milagres.

Do inocente, surgiu a vida
Do guerreiro, saiu a força!
Do lider, brotou coragem.
Da sabedoria, a esperança.


Há cinco formas de notar o amor
Há 5 maneiras de escrever o destino
Há V motivos para viver e seguir.
O ermitão sabe de 6 ou 7 para evoluir.

A criança descobriu através da luz a visão.
O jovem descobriu na pressão, o forte tato.
O adulto percebeu na escuridão, audição.
O ancião buscou no olfato saciar o paladar.

Até que por você perdi todos os meus sentidos.


Perdi minha visão, para que pudesses enxergar
Perdi minha audição, para que pudesses ouvir.
Perdi meu tato, para que pudesses tocar e sentir.
Perdi meu olfato, para que respirasse em essência.
Perdi meu paladar para devolver sabor a tua vida.

Os espiritos que tentavam te aprisionar, os repreendi
Só pra te ver sorrindo, cantando, dançando, vivendo.
Não imagina, não sabe, mas, fui eu que lutei por você.
Para que um dia pudessemos sorrir ao contar as estrelas
E lembrassemos de todas as promessas de Deus.

Mas, eu sei, você nunca vai lembrar. Então busquei solidão
Mas, todo eremita é dotado também de intuição.
Este é um sentido raro, especial, pouco exercitado.
Busca abrir o portal mental para uma visão superior.
Na busca pelo conhecimento profundo ele se priva.

O eremita tem 4 fases, infantil, juvenil, adulto, idoso.
Como vinho, quanto mais tempo em reserva, mais apurado.
Isolado, dentro de odre envelhecido, melhor se torna.
Quer conhecer o mundo, quer aprender sobre si mesmo.

Ele se afasta de tudo que o limita.
Abandona tudo que lhe engessa.
Se priva daquilo que mais o subtrai.
Restringe sua companhia ao cosmos.

O ermitão se entrega a natureza.
Baila no palco auspicioso celeste.
Se conecta aos elementos Divinos.
Jubiloso, peregrino, segue sua jornada

Terra é meu corpo, pois do pó fui gerado.
Ar é a vida que me deu fôlego, respiração.
Água a composição que nutri meu sangue.
Fogo é a essência flamejante do meu espirito. 

Na terra, se engrandeceu o urso, e a fera se feriu.
No ar, se elevou a águia e nas alturas não resistiu.
Na água, dentes afiados do Tubarão, despedaçados
Do fogo, se lançou contra mim a cobra e a pisei.

Atrás de mim se ergueu um Dragão enorme
E quando achei que eu iria morrer, acordei.


Olhei, minha filha estava bem, foi pesadelo. 

No pico da montanha mais alta ele encontra ar puro.
Ar, que lhe inspira, que lhe eleva, que lhe faz flutuar
Todo peso já se foi, nada mais te prende ao chão.
Abandonado está seu apego as coisas fúteis, inúteis.
Adentra o ar de contemplação, recebe no pulmão
Força da rajada de vento, se rende a Ruah Yaveh.


Mergulha na cachoeira, se lança do raio ao trovão.
Sente o impeto da força das águas sobre seus ombros
Ombros frágeis, buscam desaguar em rios, riachos.
Finalmente encontra o leito dos lagos, e se banha.
Como batismo, adentra as águas, descarrega sua dor.
Esgota seu sofrimento, se purifica, se liberta de vez. 

Então como viajante seus pés cruzam adama a pé
No meio de uma densa floresta, observa a vida.
A fonte que alimenta o mundo, onde se erguem.
Se firmam como raízes, se aprofunda e se eleva.
Fortalecido por nutrientes, cresce e brota frutos.
Espande, surge a conexão espiritual com a terra

Naquela mata densa, ve através da copa das árvores
Que a noite fria recai sem piedade, após o sol se pôr
A Lua não surge, não aparece, nem brilha, escuridão.
Da madeira que faz a lenha, da fagulha que incendeia
Recria a luz do sol, só pra lhe aquecer. A fogueira acesa
Lhe serve de observação, reflexão, de provação ao fogo

Encontra equilíbrio, alivio pra alma
Os segredos sagrados guardados
Enfim revelados, no palco de Deus.
Os quatro elementos da vida juntos.
Os cinco sentidos de ser, e existir.
Faz com que alcance em sabedoria
Ativação de seu sexto e sétimo sentido.


Sua mente nunca mais será a mesma 
A criança viu no ar o reino dos céus.
O jovem viu nas águas, purificação.
O adulto viu na terra a origem da vida.
O Ancião no fogo adentrou a eternidade

Não trata-se de solidão.
Mas, auto preservação.

Não é mero isolamento.
É privação terrena radical.

Não bastas cortar mil laços! Quebrar inúmeras correntes. Romper as algemas e abrir todas cadeias. Precisa-se devolver vista aos cegos.Voz aos mudos. Mobilidade aos paraliticos. Audição aos surdos e restituir tempero e sabor a vida dos desesperançados, que sintam nas narinas tal essência. Quando o Mestre das mãos furadas se isolava, era pra se fortalecer e reencontrar a multidão milagrosamente. 

Como lagarta que adentra o casulo, e se lança ao mistério por vir. Assim somos nós quando queremos voar. Precisamos perder toda identificação de nós mesmo se desejarmos recuperar nossa imagem e semelhança com o Criador. Não há esperança alguma de sucesso, auto realização ou progresso. Mas, busca pelo domínio próprio, reencontro com a paz, tentativa de sacrifício e vigilância.

Como está registrado como sagradas palavras do Eterno aos romanos: " E não somente isto, mas, também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência. E a paciência a experiência. E a experiência a esperança. E a esperança não trás confusão, por quanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espirito Santo que nos foi dado.".[Rm. 5. 3 ao 5].


Vos deixo o fragmento musical de Flávio Venturini e Jorge Vercillo para meditardes: 
" Eu! Prisioneiro meu. Descobri no brêu. Uma constelação... Céus! Conheci os céus. Pelos olhos seus. Véu de contemplação... Deus! Condenado eu fui. A forjar o amor. No aço do rancor. E a transpor as leis. Mesquinhas dos mortais... Vou! Entre a redenção. E o esplendor. De por você viver... Sim! Quis sair de mim. Esquecer quem sou. E respirar por ti. E assim transpor as leis. Mesquinhas dos mortais. Agoniza virgem Fênix. O amor! Entre cinzas, arco-íris. Esplendor! Por viver às juras. De satisfazer o ego mortal... Coisa pequenina. Centelha divina. Renasceu das cinzas. Onde foi ruína. Pássaro ferido. Hoje é paraíso... Luz da minha vida. Pedra de alquimia. Tudo que eu queria. Renascer das cinzas... E eu! Quando o frio vem. Nos aquecer, o coração. Quando a noite faz nascer a luz da escuridão. E a dor revela a mais esplêndida emoção... O amor!".


Lol-Fênix, mas claro que isto impossível. Meu retiro espiritual de 7 dias de carnaval foi pra isto: Esgotar minha dor. Me desconectar de tudo. Me religar a Deus. Reencontrar o amor. A surpresa foi no fundo do oceano eu ainda suspirar por ti. Assim, transpus as leis e retornei ao reino terreno e passageiro dos mortais. A escalada não me sucumbiu. A queda não me deteve. O mar não me submergiu. Forjado eu fui na provação da chama do amor. Por algum motivo, após perder meus cinco sentidos. Eu ressucitei. Com uma intuição Divina sublime.

Completar minha missão? 

Por mim, por minha filha e por você, apenas, viver!

O sentido da vida é viver!
Até que venhamos desaparecer
Juntos, como orvalho da manhã



Ninho,
Versão: Eremita
Tom: Isolamento
Conto: Lágrimas Imperiais

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