"Talvez seja nítido que tudo passe ligeiro. Só que é tão rápido, que é mais fácil fingir não exergar."
Tantos sonhos adiados. Quantos planos engavetados? Uma mesa cheia de rascunhos? Quem sabe uma lixeira armazenando fabilidades de projetos inacabados! Um costume do ainda não. Uma mania do depois eu faço. Só que o tempo é um traço. O momento, um passo. A vida, um lapso. E a despedida, um laço. Quando a gente se dá conta, tudo é passado. O parceiro ideal se foi. O amigo leal, partiu. A companhia legal, sumiu. A pessoa querida, morreu. E o tempo perdido não volta mais.
A vida é poeira ao vento, que surge repentina, mas, breve desvanece. Por isso, a humanidade é pó, o homem é cinza, e todos nossos titulos, nada, diante da eternidade. Pois, a coleção de nossos anos seguem a regra fatal da brevidade. Então, querendo descansar um pouco mais, a gente se vicia em viver menos. Pouco se doando, menos ainda recebemos. O alarme ativa, o despertador toca, a gente negligência. Quando percebe, se atrasa. Atrasando o próprio futuro.
Então a gente nasce, cresce cheio de sonhos, se torna um adulto cheio de vontades, envelhece em felicidade, e tudo que a gente deseja é que o fôlego não termine. Até que um dia, de uma hora pra outra, o telefone toca, o coração pressente, a cabeça pira com a surpresa nada agradável de ouvir aquela voz triste anunciar o inaceitável. A agente tenta recordar, homenagea, tentando mascará a dor da perda. Só que a dor exige recompensa, o amor paga, e o luto é o preço!
Quem negocia com o passado, desdenha o presente. Quem despreza presente, acaba sem nada. Preterir as circunstâncias, é abrir mão das oportunidades, para iludir a esperança com o acaso ou causalidades. Temos escolhas. As oportunidades jamais serão iguais, como nós, também não somos. O que se foi, já era. E o que virá, mal existe. Há de se concentrar no aqui e agora. Se empenhar, progredir. Se dedicar, evoluir. Se esforçar, prevalecer. Lutar e vencer.
Mas, a arte da procrastinação seduz. Postergar nos furta as belas horas, dos melhores dias, dos meses mais vívidos de tantos anos inesquecíveis. A gente se prende a ideia fúlgida de que sempre dá pra deixar pra depois. Só que o relógio não vacila. O ponteiro não descansa. O tempo não para. E a gente se perde. Tanto potencial desperdiçado. Subestimamos demais o vigor do efeito traiçoeiro da existência. Quem brinca com fogo, cedo ou tarde se queima. A vida não sabe brincar.
Faça um favor a si mesma? Ame agora, abrace agora, parabenize agora, conviva agora, perdoe agora, chore ou sorria agora, lute agora, vibre agora, cante ou dance agora, conquiste agora, se frustre agora, seja feliz agora, beije agora, acaricie agora, se divirta agora, ligue agora, se comprometa agora, seja útil agora, viva agora! Faça tudo agora, não deixe mais nada pra depois. Pois, depois que acaba, só nos resta o arrependimento de poder, e não haver exercido nosso papel. E a saudade transformada em lágrimas. Com velhas fotos empoeiradas na estante.
Parabéns, o tempo está passando.
Não deixe pra depois,
Depois pode ser tarde demais.
Quer presente? Pegue agora.
- Edson Alves
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