quinta-feira, 11 de julho de 2019

ME PREGOU UM PEÇA.


Então, a vida me pregou uma peça mais uma vez. O que fazer? Veja bem, as variaveis são infindas. Sejamos menos otimistas... Eu posso esperniar, dar chiliques, bater pezinho, fazer dengo, reclamar, dizer que é injusto, murmurar, fazer biquinho, choramingar, e nada vai se resolver.  Trata-se de máscarar a raiva, a dor da perda, ocultar o sentimento de fracasso, é um falso alívio.

Até que eu perceba, que a vida não está me pregando uma peça, seu objetivo é me ensinar uma dura lição. Primeiro, que nada muda se eu não mudar. Segundo, que se você possui uma meta, e se frusta por não haver sido suficiente para alcançar-la, seu próximo passo, jamais pode ser desistir. Você precisa dobrar a meta, para que mesmo em uma possível sucessiva derrota, você ganhe de qualquer modo. 

Meu pensamento pode ser ilustrado pelo seguinte ditado popular: " Mire na lua, caso não alcance, valerá á pena ter ficado entre as estrelas.". Entre o céu e a terra é evidente que exista muita coisa mal resolvida. No dia que tudo se resolver, a vida perde a graça. Isto se não deixar de existir. A gente fala tanto sobre o livre arbítrio. Porém, receio, que não temos fé em nós mesmos. Do contrário seriam imbatíveis.

Deixa eu lhe contar uma historia. Quando eu era garoto eu tinha um sonho, ser piloto de caça da aeronáutica. Meu pai me falava: "Você parece doido, mal sabe andar, quer voar?". Tinha acabado de retornar a vida em 1994, foi aí que presenciei a segunda adaptação financeira. Minha família enfrentou uma severa crise. E precisei me mudar, pela segunda vez.

O sonho de piloto da EPCAR, ficou no coração. Enquanto precisei estudar e trabalhar. Meu pai não queria. Mas, eu era orgulhoso demais para pedir dinheiro pra ele. Ficava sem jeito. Sempre fui prestativo, embora odiasse dar trabalho. Me sentia desconfortável em incomodar. Preciosismo besta? Talvez. Mas, era meu jeito de tentar ser útil. Se não podia ajudar, atrapalhar jamais.

No período que eu mais precisei trabalhar, existia uma dúvida enorme sobre como conciliar meus estudos. Na época eu devia ter uns 8 anos de idade. Conversei com uma amiga da minha mãe. Dona Geralda, e ela de bom grado me cedeu o emprego. Ela perguntou minha idade, joguei 2 anos acima, tinha medo dela me rejeitar com 7 pra 8 anos.

Era simples, acordar as 5h, tomar banho, escovar o dente, passar a roupa, e chegar as 6h para apanhar a mercadoria. Vender 100 salgados até as 11h, entregar a cesta. Pegar meus 10 reais. Sim, era 10 centavos por salgado, rs. Vida dura né? Correr pra casa, tomar outro banho, colocar o uniforme, e correr pra escola, pois, não queria perder o horário do almoço.

Lembro-me de serem anos escolares bem cansativos. Mesmo assim, minhas notas foram excelentes. Sabe qual foi o segredo? Metas impossíveis. Se não fosse a Epcar, eu certamente teria reprovado aquele ano. Com sorte seria um aluno mediano. Porém, naquele ano fui orgulho pra minha família, tive aprovação especial em quatro série por causa do meu nível de aprendizagem.

Em 1996, minha mãe sofreu trauma pós parto e me abandonou com uma irmã recém nascida no colo. E se não fosse a venda destes salgados, talvez eu nem tivesse aqui escrevendo neste blog. É muito difícil sofrer humilhação, mas, só se permite isto, quem não conhece a própria historia. Pior que humilhação, é auto piedade, auto comiseração ou sentimento de pena. 

Toda semente quando lançada ao chão cresce pra baixo e pra cima. Se não padecer não brota. Se não descer, não cresce. Se crescer, tem que dar frutos. O calor do sol é necessário. O banho de chuva é necessário. O esterco é necessário. A poda é necessária. A pedrada é necessária. Me mostre alguém que sofra na condição de justo, que lhe mostro um vencedor.

Observação, a prova da Epcar só podia se fazer com o ensino médio. No ano seguinte, aquilo foi possível. Eu não passei na prova. Mas, sendo tão novo, e conseguir chegar lá, sentar no maracanã e concorrer com jovens que tinham o dobro do meu tamanho, valeu muito á pena. Por isso, neste dia eu comecei a entender a dinâmica da vida. Pode parecer que estou perdendo agora. Mas, é uma preparação para o impossível. 

Caso o impossível não ocorrar terá valido à pena, ter presenciado o milagre de perto. Minha menina, ouça o que digo pra mim mesmo todos os dias, não desista de teus sonhos. Nunca deixe ninguém dizer que você não é capaz. A vida é difícil mesmo, e fácil não vai ser. Mas, você precisa tentar meu amor. Lute pelo que você acredita. Se supere. Concorra no impossível, com concorrência menor, quem sabe você não consegue. 

Você só irá saber se tentar. Tente quantas vezes for possível. Tentei o conselho, eu falhei. Ainda tem Oficial da Marinha, Polícia Cívil, Universidade de Coimbra, de tanto eu falhar, uma hora eu acerto, e venço por nocaute! Espero que esta estoria lhe faça bem. Se estou sofrendo amor, é por que sofrer é normal. Mas lhe prometo minha menina, eu não vou morrer antes de conquistar minha vitória. Deserto não é lar. Tudo tem um tempo. Essa dor também vai passar. Ore por mim e pela Gigi.

A propósito, se um dia eu voar, quero ter você ao lado. Apenas para lhe agradecer por me fazer tão bem. Beijos.

Ninho,
Versão: Juninho do bolinho
Tom: Orgulhoso
Conto: Vida Real

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