segunda-feira, 15 de julho de 2019

BOBAS, LETRAS.


Sempre que chega a hora, onde as palavras parecem bobas, as letras juntas não fazem menor sentido. Falar por metáforas parece mais seguro. Nesta metamorfose louca que é a vida, a observação nos revela segredos como dádivas. O Divino nos ensina mais uma vez o despertar de seu poder. Na leveza de mil folhas que se despreendem de um galho nada qualquer em uma tarde de outono. Nos emociona com flores que murcham e caem nas noites mais frias de inverno. Compartilha conosco um mar de orvalho maravilhosamente sendo evaporado gota á gota, pra que a semente vire broto em uma manhã de verão. Descortina o romper de uma tarde cíclica de primavera, onde veremos novas folhas, galhos, flores, cores, gotas, conhecendo o encantamento das quatro estações em nós. 

Quem observar o jardim na primavera, se maravilhar com a sublime cena de centenas de milhares de espécies distintas de borboletas, uma tão bela quanto a outra. Mal, irá suspeitar, do caminho doloroso de outono em que milhares de lagartas lutaram pela sobrevivência. Resistiram a escarces de alimentos. Viram seus recursos e alimentos sofrer os efeitos do tempo, vento e da estação. No inverno tentaram prevalecer contra o frio das noites gélidas. Sem sentir medo da assombrosa escuridão. Buscaram a luz de um novo amanhecer de verão. Onde sóis sobre suas cabeças forjaram chamas decoradas em sua pele ácida. Escaparam de terriveis predadores ora pela camuflagem, outras, pela bravura da fulga ou da audácia da perserverança. Esta ousadia garantiu a centenas delas, de participarem, de um último desafio, o casulo da existência.

Se entregaram a morte com esperança de ao abandonar seu velho eu, um novo e belo eu evoluido surgir no lugar. Consegue imaginar a dor desta experimentação. Cada pedaço de sua pele se desprendendo. Liquidos, envolvências viscosas, mutação enigmática, angustiosa privação do ar da liberdade. Até o momento terrível de total escuridão. O silêncio mórbido anunciava a solidão. Um clima de quase velório. Quando tudo parecia haver chegado ao fim. Ela percebe no brilho do reflexo da luz, sua melhor chance de escapar com vida do caixão da crisalida. Quando ela se preocupa com a queda e o retorno ao chão, ao se lançar em desafio. Ela senti em sí o milagre de poder voar. E vibra com o aroma das flores rompendo inebriante na manhã mais inédita e inusitada de primavera. Onde não mais lembra das dores do passado. Assim sou eu e você.

Podemos estar sofrendo agora. Por conta da existência desta matéria terrena e perecivel que nos envolve como carne. Na terra, sentimos a dor da humilhação ao chão, no solo pisado por homens. Presenciando os efeitos desastrosos da vida desvastando nossos sonhos como o vento faz ao jardim. Como um equilibrista bêbado, seguimos cambaleando. Resistimos as bestas feras que tentam devorar o potencial que há em nós. O que é o corpo? Se não o casulo de nossa alma e espírito. O que é a terra? Se não a crisalida de nossa existência da origem á epopeia! Estou certo que aqui o outono nos desnuda como frágeis que somos. Reconheço que aqui o inverno cristaliza nossa mobilidade, posto meros mortais. Admito que o calor do verão faz arder em chamas nossa consciência prodigiosa, pulverizando nossa criatividade.

Mas, ouça o que a Ruah diz a todos que chegam ao ápice das Eras. Sejam bem vindos, a primavera de Deus. O Divino lhe garante a liberdade de voar, para desbravar os tesouros escondidos por tantas épocas nos mistérios dos tempos, por uma eternidade sem fim. Onde apenas rireis todos os vossos risos. E não chorareis nenhuma de vossas lágrimas. Esta é a morada dos anjos. O anelo do sacramento. O palácio eterno. A fortaleza Divina. O Esconderijo do Altíssimo. O paraíso dos céus. Com o maravilhoso jardim de Deus. Pode entrar esta é a tua herança. Onde a ferrugem não corrói, nem a traça destrói, aí está o valor que supera o melhor de teus sonhos. A saber, a revelação perfeita do amor de Deus derramado como graça sobre vossos corações. Bobas letras? Palavras eternais! O verbo nos refaz!

Seu corpo sentiu luto na terra? O luto é o preço do amor.
Mas, a herança do amor á de ser a festa que lhe aguarda nos ares!
Não desista, lute até o fim, não deixe que ninguém prive sua alma.
De experimentar no mistério porvir, a liberdade de mil Borboletas.

Te amo ❤

Ninho,
Versão: Borboleta
Tom: Contemplativo
Contos: 
Crisálida da Alma.
Casulos do Ser. 
Jardim de Deus.

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