quarta-feira, 1 de agosto de 2018

ILHA DO SOL


Em meu coração há um deserto.
Sinto teu perfume aqui tão perto.
Mas, não posso lhe pedir carinho.
Sei devo lhe resistir, ficar sozinho.

Assim começa mais uma página
Do livro que prometi escrever sobre você.
Na realidade, acha que escrevo sobre mim?
Enganada, sempre escrevi sobre nós.

Consegue interpretar a ponta hábil da pena? 
Arranquei da tua plumagem na ultima vez que lhe abracei.
Com tua espada oculta me feriu mais uma vez.
Eu fiz tinta para colorir e desenhar com vermelho carmesim.

Agulha escarlate, costura da aurora.
Decora teus sonhos, livrai-nos do pesadelo por vir.
Cortina carcomida do tempo.
De mil e um retalhos, cada linha, nova possibilidade.

De gênio e louco, todos nós temos um pouco.
Como antes, escrevo por códigos e cadeados.
Tente desvendar meus enigmas.
Tente decifrar meu poema:

"Cheguei aos trinta.
Mais um, farei dia trinta...
Estou Agosto de Deus...
De 87 à 18, muita história
O céu teceu... Anjo desceu.
E eu me ergui. Jamais confunda...
Descer com cair.
Não sou abominação. Risos teus? 
Mais dois, ficará próxima minha ida.
Com 33 se foi o filho de Deus..."

Lendas e Mitos...
Ritos e vendas.
Fendas, escapes.
Chaves, emendas.
Justiça cega.
Gigante dormindo.
Esperança vendada
Nosso povo sorrindo.

Do pulso que ainda pulsa.
Do grito, meu silencio, teu agito.
Se seca a torrente eterna.
Acabam-se as chuvas.
Sobre nossas cabeças calor.
Retire da bolsa o guarda sol.
Primavera se foi, com ela...
Também fui amor?
O Deserto chegou...
Pra findar tudo que fiz.

Seja bem vinda Lua
Pisei nas nuvens
Mas, não rasguei teu véu.
Curta o passeio...
Viva a aventura...
Minha labuta?
Teu quinhão.

Velejei os 7 mares.
Meu barco encalhou neste tempo.
Aqui já foi oceano.
Agora as Dunas e sais
são os alicerces de nossos pés.
Neste grande castelo de areia.
Quero guia para inundação.
Onde o Sol não fale por mim.

Vestes de raios fúlgidos
Queimam a saudade do amado
Era verdadeiro, era leal.
Era guerreiro, era honrado.
Mas, não era ninguém.
Não tinha tesouros.
Qual era teu valor?
Meu valor? Meu amor.
Minha vontade de vencer.
Pra cuidar do próximo.
De cuidar tão bem de você.

Veste que se queimam sem saber
No suposto teatro da vida.
Janela da existência se abre.
No céu sem raios e trovão.
Minha alma se dobra a tua vontade.
Tua observação, minha percepção.

Lembra, nesta vida, foi nas águas que lhe encontrei.
Você nadava, eu admirava. Você pousava e eu registrei.
Tinha tanto medo de foto. Parecia não saber tua beleza.
Lhe formei tão meiga e forte, após a foto que sempre sonhei.

Minha recompensa? Dor que comprime meu ser.
Que o futuro revele a verdade. 
Sério terei que morrer?
Para um dia admitir não ser maldade.
Sou puro e respeitoso.
Jamais avancei o sinal.
Discreto, habilidoso.
Talentoso, jamais desleal.

Universos paralelos existem?
Vidas diferentes trilhei.
Em todas esteve ao meu lado.
Nesta que fascina, confesso...
Ainda não lhe achei.

Parece que está presa.
O que fizeram contigo?
Por favor Lua se erga.
Que conto poemas ao ouvido.

Porém, seria um clone?
Talvez, eu seja uma aberração?
Estou iludido? Será tudo invenção?
Qual tua fórmula? Tens potencia!
Tens poder. Basta crer em si mesma.
Basta se levantar, se erguer!

Me escuta Italianinha! Tua essenciates, não eres mero borrão!
Não eres fruto de minha indecência! És segredo de minha inocência!
Mas, lhe decifrei. Lhe revelei. Sou teu mentor. Precisa confiar em mim.

Quer saber como percebo tudo?
Um grande tabuleiro, muitas peças.
Você é dona do xadrez.
Porém, não possui a técnica 
Para compor o Xeque Mate.
Eu tenho um cheque list.
Sei o lugar de cada peça.
Você já possui tudo que precisa.
Apenas não lhe ensinaram jogar.

Tens que ter paciência.
Entender que nem tudo é como parece.
Não seja inclinada a bajuladores.
Mantenha o equilíbrio.
Seja flexível! Perdão as vezes é necessário.
Demonstra teu preparo e grandeza.
Em casa grande, crianças sempre correm
Ora ou outra, porcelanas vem ao chão.
Não se ire, são só porcelanas.
Perdoe as crianças, compro outras pra você.

Você é real mesma?
Não é obra de ficção.
Fixação, é minha emoção?
Fruto de imaginação?

Tua boca, minha tentação.
Não devoro!
Minha boca saliva.
Não imploro.
Tua boca me instiga.
Teus lábios não provo.

Mantenho distancia suficiente para não ser absorvido por inteiro.
Cuidado quando se aproximar de mim, e tão perto, acabar me sufocando.
Tenho medo de permanecer diante de você. Tu és meu perigo bella ragazza.

Esta relação precisa ser rasa sedução para dar certo.
Todo tempero não pode ser despejado na panela de uma vez.
Tem que ser pouco a pouco, na dose certa. 
Sendo provado, até o sabor e o cheiro serem aprovados.

Mas, culinária, não é nosso forte?
Como não, eu cozinho e como tão bem.
Não me importo se comida engorda.
Comer precisa me fazer bem. risos.

Assim somos nós. Temos que sermos na medida certa.
Só não deixe o macarrão azedar. Sei que me entende.

Mesmo após 7 vidas e um relicário perdido.
Um velejante conhece o mar como ninguém.
Lhe conheço mais que supunha imaginar.
Não perca teu foco, nem tua concentração.
Eu afirmo assim para teu bem.

Você ainda permanece envolvente querida.
A maior beleza carregas dentro de teu ser.
Não fique em um beco sem saída.
Não me abandone no temporal!

Fico desnorteado, confuso com tua falta de compreensão.
Minha paixão lhe distrai? A tua não? Tens noção?
Mas, sei, é mais fácil dizer que sou sem noção.

Intrigante não é mesmo?
Interessante e esplendida.
Conta-me se ainda lembra?
Do balanço e o equilibrista.
De pé a pés sobre ferros e muros.

De tentar não cair
De começar a rir.
Do toque e suor.
Conheço os códigos.
A origem da infância.
Sei como tudo começa
Sei também como acaba. 

Mas, negue. Eu nego.
Traz paz não admitir.
Faz bem não lembrar.
Eu jamais esqueci.
Também eu estava lá.

Tic e tac. 
Há um mecanismo
Um quebra cabeça.
O labirinto por vir.
Lembre do Castelo de Areia
Eu estava ao lado
Quando as ondas batiam
E desistia de tentar.
Lembra dos tatuís?
Das pazinhas de plástico?
Sim, eu também estava lá.
Fui um amigo tão invisível
Que não consegue lembrar.
Se tais dias pudessem voltar.

Relógio do Tempo
Ampulheta quebrada
Rosa com cravos
Só irá me ferir.

A paixão, coração.
Guia da contemplação
Rajada de vento
Tamanha inundação
Solidão, meu sol
Brilhará por si.

Arquipélago pela manhã
Artista plástico ousou tua obra.
Não conclui a arte.
Se não desvenda mistério.
Como revelará segredo?

Não é fácil escrever por códigos e cadeados.
Não são as linhas que falam por si
Mas, as entre linhas que permitem a interpretação.
Só quem experimentou e se envolveu
Será capaz de entender e aceitar.

Ilha do Sol
Que cobre dias em claro
Recobre noites nas Dunas
Com sua tempestade de areia.

Atravesso solitário tais areias flamejantes
Lhe vejo longe, me pergunto.
Finalmente lembrou da promessa?
Em meu bolso aquele velho trevo de quatro folhas.
Porém, minha sorte não é mais a mesma.
Lua, escuta, nunca foi sorte, lembra?

Lá no meio do deserto, 
Onde menos se espera.
Nasce a linda flor de lótus.
Uma alucinação, mera ilusão?
Deserto real é a terra do meu coração.

Aqui dentro resisto o frio das noites.
Enquanto lá fora, entrego calor e energia
Estou seco, sedento, qual motivo ainda penso em você?
Após tanto tempo e distancia, permanece aqui...
Feito um oásis em mim.

Não é veneno. Talvez meu vício?
Lua, tu és minha cura ou loucura?
Sou de carne e osso, e muito calor.
Sou real completude, melhor opção.
Sou suporte, sou alado, sou só proteção.

Não sou fantoche.
Tamagoche? 
Quem sabe estimação?
Sou mero mascote.
Jamais invenção.

Sou mascavo. Açúcar. 
Doce? Demoro adoçar.
Lento, devagar, e saudável.

Cada vez que lhe vejo
Um deslumbre e desvanece.
Tão pueril e breve
Que em segundos desaparece.

Seus pés estão cansados de tanto correr?
Só me resta andar como peregrino em terra estranha.
Tentar provar para mim mesmo, que nenhum deserto é sem fim
Há um ciclo. Há um código. Há uma saída. Ainda há solução?
Tenho que decifrar, perscrutar, não posso desistir agora.
Quando sinto que é o momento que mais precisa de mim.

Lembra de quando cai? Você sabia? Estava lhe admirando.
Ali eu tombei. Ali eu sangrei. Permaneci lhe admirando.
Foi ali que descobri, que nasci para sangrar por você.
Meu receio, é que agora, não está mais aqui, para cuidar de mim.
Para pegar minhas mãos. Para estancar meu sangue.
Para me proteger. Para me curar. Eu lhe aquecer e lhe guiar.
Não és um Oasis. És minha miragem. Esculpida a minha própria imagem.

Até que queimei minha arte e abandonei.
Tentando zerar tudo. Recomeçar.
Perdida, sua imagem virou cinzas.
Era um sonho... Acordei.
Sem você aqui...
Foi mais dificil suportar
Alma virgem Fênix. Meu amor
Se ergueu das cinzas. Esplendor
Criativa , ousada e única
Conquistou o impossível
Contrariando tantos egos mortais.
No conto de mil e uma noites
Centelha divina ergueu clarão
Na Ilha do Sol. Uma Lua Reinou.


Beijos, seu amigo invisível.

Ninho, versão Deserto
Tom, Ilhado.

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