O interior humano é um complexo de calor e gelo, onde há desertos e oceanos, onde há fartura e florescência, onde há escarces e sequidão. Uma luta constante, na arena sangrenta do coração nos lança pra vida. Quem reina sobre nosso ser em mistério? O sagrado ou profano? O falso ou real? Heroi ou vilão? O silencio de várias noites, ou a manhã de várias cores? Quem arrisca o palpite de quem realmente somos ou seremos? Quem nos dirá serem verdades ou mentiras nos guiando aqui?
Assim como as estações do ano, é a vida. Possui ciclos. Melhores dias são como memórias antigas de verão. Regado de risadas, piadas, aventuras, e de calor. Até que chega o Outono. As folhas caem, as circunstâncias mudam. Ficamos desnudos, em tons com filtros caramelar. Cobrimos o chão e ficamos descobertos, ventos nos levam de um lugar ao outro. Anunciando a chegada do Inverno. Momento traiçoeiro, quase impossível notar seu início e seu fim. Congela nossas possibilidades. Paralisa-nos. Dias escuros e mais curtos. Se fossem longos, derrubaria os mais valentes entre nós.
Isto nos emociona, nos comove. Nos faz permanecer reflexivos. Nos ensina sobre o que significa paciência. Sobre o sentido da experimentação da esperança da Primavera chegar. Quando nuvens e raios se despedem no horizonte. Um aroma bom surge da terra. Mais de mil pássaros em harmonia desbravam o céu. Plantas, flores, e frutos brotam do chão. Em consonância com a terra, nos revelamos em nossas melhores fases. Projetos saem dos papéis. Estamos renovados.
Guiados com os dois pés no chão, olhamos tudo ao redor. Fotografando no álbum da alma que se chama mente, nossas melhores memórias expostas. É neste momento, que lágrimas brotam dos olhos. Da janela, observamos cada estação fugir e nos abandonar. Como arvores, permanecemos aqui. Fincados. Quando éramos sementes, percorríamos jornadas além mundo. Desejamos tanto possuir um lugar, uma terra fértil. Havia caminhos escuros, éramos luz. Esperamos o ciclo da vida fazer seu giro
No deserto de quem fomos, havia sequidão. Tínhamos cede. Até que fomos afogados em nossos piores momentos. Ondas acertavam, para limpar nossos excessos. No frio e sem nada. Buscava-se abrigo, com nada ao redor. Tocávamos, com mãos feridas, e espalhávamos o barro para reformar nossa matéria, tentar refazer esta obra prima. Famintos, chegamos a primavera. Agora, aguardamos o desfecho natural. O apagar das luzes. O fugir de todas as estações.
Onde nosso desfecho, nos fará sementes ao chão outra vez. A terra que nos alimentou, precisa se alimentar de nós para existir. Plantados na terra, envoltos em madeiras frágeis, nossa experiencia humana, em uma embarcação afundada em terras estranhas. Lágrimas de despedidas nos irrigaram. Lembrarão de nossas melhores fazes. Quem lembrará de nós? Enquanto nossos olhos não se fecham pra sempre, fotografe a vida. Em gratidão registre seus amigos. Somente o melhor deles.
Faça isto por você. Procure um angulo novo. Não se deixe ser absorvida ao ponto de não notar o quanto és bela. Sem maquiagens. Natural. Você compõe este ciclo. Sem você o quebra cabeça não será completo. Você é único. Insubstituivelmente necessária. Não ligue ser sempre esquecido em tudo que viveu. Não seja estranha a si mesma. Seja encontrada pela luz. Para uma nova fotossíntese. Onde reflorescerá eternamente. Este aspecto da existência, se revela da vida para nós. De nós pra vida.
Nos semearam, percorremos longo caminho até aqui. Crescemos sem sentido. Demos frutos e fomos devorados. Colocamos em palavras o que foi escrito por nossas experiencias fora de livros. Ninguém nos ensinou a fórmula. Vimos tantos sóis. Guiados sob tantas luas. Contamos estrelas, após um centilhão perdemos as contas. Envelhecidos pelo tempo. Esgotados e quase sem cor. Abrimos o baú das respostas, e revelamos aos jovens. Que nos rejeitaram para trilhar sua própria ideologia.
Convocados a proteger o portal esquecido da eternidade. Fechamos nossos olhos. Após tantas guerras. Lindos refrões, retratados harmonicamente, onde nosso dia, anunciava despedida. Coração que batia lentamente, fez um som alegre de dever cumprindo. Fechou as cortinas. Guerreiros do bem, fomos heróis, lutamos por este reino? Passamos pela vida sem sermos notados? Reduzidos ao pó de onde viemos, voltamos a sermos barros. Voltamos ao barro. Finalmente nosso álbum está completo.
Enxerga o que vejo em você? Será que entende meus enigmas? São códigos e cadeados de um vasto deserto. Sozinho e em silêncio. Do outro lado do mar de areia, percebi um deserto ainda maior. Lhe deixei pistas. Para não se perder. Para não desistir do Oásis. O mesmo cenário por tantos dias, fazia com que ventos suaves encobrissem minhas pegadas para lhe guiar. Desejei lhe revelar seu rumo e destino. Porém, você era jovem demais para me entender. Faça sua própria jornada. Complete o ciclo
Não se perca no tédio, das repetidas rotinas. Nossas perdas e baixas nos ajudaram a chegar até aqui. Lhe espero minutos antes do fim. Quando o trem estiver prestes a partir, lembre o bilhete da passagem está dentro de nós. Seja minha razão, quando emocionado eu aceitar que não irá mais chegar. Enxugue minhas lágrimas misturadas com chuvas e trovões. Lembre, no final, sempre existe um dia de sol no porvir. Olhe a luz no fim do túnel, e abrace este lado da realidade. Ouça os Ecos.
Celebre os lampejos da grande beleza que virá. O perfeito não se mostrou. Isto é você avistando as colinas daquela velha morada que via em teus sonhos, envolta em neblinas. Aquelas gramas molhadas. Plante as memorias desta vida para um novo recomeço. Feche os olhos. Encha o peito, inspire e respire. Voe além. Esta é a nova realidade, da missão que nos foi dada. O sangue do justo derramado clama: Entre, na via dos 7 mares, a ganancia é finda, suas dores também, devolva-me tuas angústias. Receba meu amor, ele será a base da próxima jornada. Quer renascer? Quer ressurgir?
Novos céus... Novas terras... Muito amor... Muito amor... Muito amor... Adeus.
Ninho, versão Capitão dos Mares
Tom, agradecido, realizado.
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