MINHA CÔMICA TRAGÉDIA!

Da Comédia á Tragédia

Na comédia...

Lembro-me de nossas boas risadas; Incontroláveis gargalhadas; De quando nossa felicidade consistia em fazer o outro bem. Até que...

Na Tragédia...

O teatro desmoronou; Os sorrisos se tornaram forçados; Os olhares, vazios. Eu vi medo! Pude ler mentes que diziam em minha ausência, o gênio ficou louco!

Da Tragédia á Comédia é admitir:

“ De Gênio e Louco, todos nós temos um pouco! Não é mesmo?”.

Os bons amigos se afastaram. E eu me afastei ainda mais. Os não tão amigos se aproximaram. E eu fiquei pior ainda. Mas, nada foi tão angustiante do que perceber que existia algo de errado. Os sinais corporais não mentem. Eles sempre falam mais que as palavras. Depois que o show terminou, a platéia se foi, quem chorou foi o palhaço no centro do picadeiro. O mesmo palhaço que fazia que todos pudessem rir.

Pessoas como eu, ao invés de serem rejeitadas do lar ao palco da existência, deveriam ser melhor estudadas, e buscarem analisar meus frutos e contribuições. Mas, ah! Sociedade insensível, e humanos egoístas. Amantes de si mesmo. Jamais darão o braço a torcer. Se acham inteligentes aos próprios olhos. Enquanto suas obras não passam de trapos de imundícias. Sociedade doente que vitimiza crianças! Que explora adolescentes. Que vendem a juventude. Que corrompem adultos. E devoram anciãos. Mas, meus amigos permanecem me chamando de louco pelas costas. E eu ainda sofro demais com isso. Deus é uma Ruah. Como vento que é, sopra em qualquer lugar. De forma que os segredos mais profundos, sempre vem á tona. Encontra destino nos ouvidos inocentes do menino puro, do coração ingênuo, e sentencia a tragédia, de em comédia, dizerem dentro do próprio lar, que deve-se tomar cuidado, pois, o gênio é perigoso! O menino está ficando maluco.

Então, o mestre sabe! Todo mestre sabe quem é quem! Eu entendo a dor dos alucinados! E posso ajudar-los. Nas suas nuances. Em seus delírios. Em suas histerias! Porém, quem pode ajudar o cavaleiro vagante do deserto? Sou peregrino, em terra de ninguém! Me sinto só, pois, ao meu redor, nunca houve alguém, alguém que me abraçasse como sou. E me amasse como eu sempre amei. Não que eu carecia de afeto. Porém, por eu perceber, que a fé esmoreceu, a esperança se esvaiu, o amor se esfriou, o ódio está na moda, a ira se alastra, e a morte domina e não há ninguém que clame: Restitui!

Vejo uma multidão vivendo em cavernas! Almas algemadas. Zumbis, reféns de aparelhos. Esquartejados mentais. Emoções dilaceradas. Razões asfixiadas. Interiores angustiados. Soberbos, coléricos, altivos, alimentam suas ambições. Abandonam as amizades verdadeiras, e trocam por migalhas do status social. O sub mundo das redes sociais, não é mais virtual! Já habita entre nós, compõem nossa realidade viral. É um câncer que se instalou. Flui como gangrena.

A busca pelo poder, pelo status, pelo dinheiro, e sentir dor! O interesse pela fama, e prazeres, que não dão espaço para o amor. Infelicidades, de uma vida, de iguarias e manjares de satanás. Que te levam ao fundo do poço, e o coração de desgosto fica cheiro demais. Os que traem são traídos! Os que mentem, são vendidos! Os falsos, não conseguem dormir. Suas sombras, retornam para cobrar o peso de sua imunda consciência. Profanos, se julgam puritanos? Suas roupas são fantasias. Suas vestes, trapos de malicias. Suas máscaras, não escondem a face do horror. Para que tanta falsidade? Mesmo assim, por mais um ano, lhes perdôo. Lhe perdoei como desejo ser perdoado, e sigo em frente sem nada dizer. Quem planta amor, não colhe injustiça! Quem planta injustiça, colhe maldade? Ainda haverá momentos que afirmara que não passo de um louco? Na próxima vez, sentirá arrepios, apenas por lembrar, que isto é crueldade! Será que imaginaram como eu me sentiria quando descobrisse. Mas, minha alma está blindada, e segue forte, em meio uma sociedade doente!

Todos os dias, eu me ergo, e digo a mim mesmo:

“Não se importe em ser louco, em um mundo, onde normais inventaram a bomba atômica!”.

Por favor, não falem mais isto! Seria um mal terrível, se uma mente fascinante como a minha, largasse a genialidade para adentrar as sombras da loucura e perscrutar a solidão! Eu não desejaria isto ao meu pior inimigo. Sempre que penso, que fiz o meu melhor por todos vocês, eu me pergunto, onde errei para merecer tanto desprezo. Mas, o destino um futuro reserva. Onde mudam-se os tempos, muda-se o ser, mudam-se as circunstâncias, e o que não pode mudar é a confiança de que o sol já vem!

Da tragédia á loucura...

O céu se abre

O sol já vem!

Da comédia á felicidade...

O mar se ergue

E o sol já vem

Do circo á corte...

A plateia aplaude

O público ovaciona!

Do céu ao inferno...

O que sobrou de mim?

Santo ou profano?

Da Ciência ao Manicômio...

Grito, não sou gênio

Acha que sou mesmo louco?
Terrivel engano?

Do amor á dor...
Pensa isto de mim?
Isso me dói.
Se for verdade...

Da Comédia á Tragédia
Tudo isso é insano!
Não é o fim!
O Bom menino está voltando.

Todos riem, enquanto eu choro por dentro. Mas, se a felicidade é sincera! Eu apoio! O problema é que lá no fundo. Quando mensagens se cruzam em zaps. Quando olhos cruzam retrovisores. Quando imagens surgem nos espelhos. Quando águas descem no chuveiro. Quando casais deitam na própria cama. Todos admitem, o amigo louco, era apenas um gênio abandonado! Um amigo, que precisava de amor, de ajuda, de um abraço. Apesar de me sentir um equilibrista em corda bamba. Confesso, me sinto a um passo de cair. Minha queda está por um fio. Porém, não posso desistir. Meus amigos não imaginam, o quanto ainda sofro aqui. E admitem sua parcela de culpa. Suas falhas. E suas ineficazes amizades. Eu sobrevivo na cela social de meros mortais, como anjo eterno que sou. E apesar da espada de vossa plumagem possa ferir-me. Quem sangra são minhas lágrimas, toda vez que oro por vosso bem!

Pois, realmente vos amo!
Só tem amor, quem sabe amar.
Me permita ensinar? Sim, por hoje...

É preciso amar!

Esqueça as palavras...
Apenas ore por mim.
Enquanto rogo por vós...

Mais amor por favor!?
Ou apenas, sorria...

Seu sorriso ainda pode me curar.
Sorria pra minhas lágrimas.

- Edson Alves
Diário de um louco.