Eu lhe digo: bem-aventurado é aquele que se expõe a uma existência nunca antes dominada, que não transcende, mas, antes se entrega à minha graça sempre transcendente. Bem-aventurados não são os iluminados, dos quais cada pergunta foi respondida e que se deleitam com seus sublimes lampejos de aguçada percepção, os maduros e prontos a quem resta somente a ação de cair da árvore. Bem-aventurados são antes os perseguidos, os assediados quem devem diariamente se ver diante de meus enigmas, incapazes de resolvê-los. Bem-aventurados são os pobres em espírito, aqueles a quem lhe falta aquela esperteza. Ai dos ricos, e ai dos duplamente ricos em espírito! Embora nada seja impossível para Deus, é difícil para o Espírito mover seus corações gordos. Os pobres são dispostos e fáceis de conduzir. Como filhotes de cachorro, não tiram os olhos da mão de seu mestre, para ver se talvez ele lhes lançará algum bocado de seu prato. Assim também, cuidadosamente, os pobres seguem meu comando de que escutem o vento ( que sopra onde quer), mesmo quando muda de direção. A partir do céu podem ler o tempo e interpretar os sinais dos tempos. Minha graça é despretensiosa, mas, os pobres se satisfazem com pequenos dons.
- Urs von Balthasar
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