sexta-feira, 29 de outubro de 2010

As mãos, frutos e a semente do anti amor.

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos. 



Não será essa a semente má que lançamos.
A falta de afeto, a falta de amor.



No Livro de  Gêneses, o demônio diz à mulher:
” É verdade que Deus vos deu o preceito de não comerdes de todas as árvores do paraíso?”
A mulher responde, repetindo ao maligno a verdadeira palavra do preceito de Deus. Ao ouví-la, o demônio diz, porém, o que haveria de levá-la ao pecado:
” Não, não morrereis! mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecereis o bem e o mal.” (Gn 3, 4-5)

” Eis que, no 3º capítulo do Gênesis, isto é, no início da Bíblia, fica bem claro que a história do homem e, com esta, a história do mundo a que o homem se acha unido por meio da obra da criação divina, estarão sujeitas ao domínio da Palavra e da anti- Palavra, do Evangelho e do anti-Evangelho.” (1)
Esta, pois, é a principal razão pela qual a Palavra de Deus não é escutada e vivida: há uma anti- Palavra, o portador de um anti-Evangelho, que trabalha incessantemente para associar o homem à sua desobediência. Ele, de fato, foi o 1º a não querer ouvir nem viver a Palavra divina, preferindo ser expulso do Céu.
Não lhe importa, em absoluto, a ‘ divindade’ do homem. É impelido somente pelo desejo de comunicar, de transmitir ao homem a sua revolta”.(2)
O anti-Amor
Quanto mais se ama, mais se escuta, mais se vive a Palavra de Deus.
Mas, se examinarmos bem, o teor das mentiras propostas pela anti-Palavra na tentação do Gênesis tinham – e sempre continuarão a ter – por meta, alimentar em nós o anti-amor, aquele que conduz até o desprezo de Deus.

Este amor, desordenado desde sua origem, é o nosso amor próprio. Ele faz com que demos as costas para Deus, com que ouçamos e sigamos toda e qualquer anti-palavra, desde que ela sirva para alimentar nosso egoísmo e satisfazer nossos desejos que ele cria.
À Palavra divina, que convida ao amor a Deus até o desprezo de si, isto é, até a mortificação de nosso amor próprio e de nosso egoísmo, preferimos não ouvir, ou ouvir e não escutar, ou escutar e não obedecer.
Vivemos, pois, na melhor das hipóteses, como ouvintes distraídos, porquanto temos o coração secretamente cheio desse anti-Amor, algo que impossibilita qualquer fruto concreto, profundo e verdadeiro

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