domingo, 16 de abril de 2017

DEIXA SEU LIKE?



Qual é o preço da beleza efêmera das mais criativas fotos que pousamos em arte esplendida exposta no palco da vida? Será que as imagens estão desnudando nossa própria alma a descaso de que falam mais do que por si só? Por falar em só, que carência é esta? Desprendida da pele à pele, e atenta em apreço ditando preço da exposição suplicando curtidas de tela à telas em 4k ou não! 

Parece que trocar curtidas seja inerente ao que é puramente humano. Em tempos remotos, a cordialidade era parceira dos doutos e esclarecidos. Na modernidade, o que delimita esta interação entre seres humanos intimamente ligados, de mesmo apreço são o volume de visualizações, curtidas e compartilhamentos que fazem ou recebem diariamente de amáveis ou amantes, mas, jamais adversários, opositores, inimigos ou traidores. 

Tudo isto não nos foi ensinado em templos nem universidades, não é decorrente da sabedoria dos mestres, tão pouco fruto da proeza dos grandes Cientistas. Nenhum poeta ousou retratar em seus escritos, nem políticos mais auspiciosos previam em seus mais variados discursos. Chegamos no ápice da promoção da própria imagem. É fruto exclusivo dessa nossa momentânea necessidade de significância, significando para o outro, por qual motivo não definir, significar no outro em si.

Talvez seja um período onde nossa carência de si, nos inspire a necessitar se completar no outro. O próprio Palácio da Sabedoria, surgiu dessa vontade de expressar sobre esta carência, é resultado deste ardente desejo de me comunicar e me conectar ao público, as pessoas ao meu redor. Sentia ano a ano, que minha memoria curta não nutria a mesma capacidade de preservar minhas emoções mais fortes. Então, foi quando decidir falar um pouco sobre estas experiencias em um blog que seria apenas minha visão sobre o mundo, sobre os fatos, sobre as musicas, sobre amigos, sobre todos e por fim, sobre mim.

Percebo que no final das contas eu estava mesmo é carente disto. De realmente construir um mundo paralelo, do meu modo, com meus gostos, retratado em gestos e sinais de quem eu verdadeiramente sou, sem medo de existir, sem sombras nem máscaras. Meus escritos são inevitáveis efeitos destas carências, deste sentimento de ser bem quisto, de ser engraçado e ser gostado, ser amado, ser amável.

Acho que quanto mais nós em nossas vivencias, nos desprendemos dos significados de quem somos para os outros, mais resgatamos nossa verdadeira identidade de quem realmente somos para nós mesmos. Considero isso bom, encaro isto como um bem a ser imitado, a ser sentido, a ser vivido! Significar para o outro é também alguma forma de existir, a curtida em uma foto memorável evidencia esta moderna maneira de retratar-se como eterna lembrança. 

Porém, ao meu ver não supera a real grandeza de quem realmente somos, sem imagens turvas, sem ilusões, sem foto shop, sem maquiagens, com rugas ou não, apenas nosso verdadeiro eu também pueril. Posto que o tempo não envelhece, mas, nós sim. Ainda assim, existe uma curiosidade fatídica, o ato de admirar e curtir o outro é a extraordinária forma de celebração coletiva cibernética que encontramos, que criamos, que se moldou a nós em nossas relações de amor e afeto.

Na pratica, essa foi uma das variadas percepções que eu tive ao analisar por anos as relações de orkuts, faces, Instagrans, Snapchats entre outros. Os youtubes, não passaram desapercebidamente incólumes, pude ver-los, tempo suficiente para saber que sofriam desta mesma necessidade de aceitação. Isto, foi a primeiro instante, magistral, em um segundo momento, pareceu doentio, agora, por hora, apenas normal, já que se entrelaçou a nossa cultura, arriscado, mas, não nos demos conta.

Outro fato curioso entre faces e curtidas, entre imagens e likes, entre fotos e admirações, é que talvez ninguém tenha dado conta do quanto somos artistas de nossa própria imagem e diretor dos sentimentos alheios, tão instantâneos, tão perfeccionistas, tão ligeiros, quase sempre, tão passageiros. Não de algum trem, mas, de constante passagem pela vida, pelas lentes, pelas telas, pelos olhares, pelas curtidas e quase sempre esquecidos da velha identidade real de nós mesmos. 

O motivo é que já sabemos o final do curta metragem, para dar certo sempre, copiamos as receitas de outros atores famosos, ou autores bem sucedidos, só para ganhar risos, só para sermos novamente curtidos. Tão curtos, ansiamos sermos sempre curtidos! Mas, quando iremos voltar a interagir pele a pele. Me refiro no suor do abraço, do olho no olhar, das lagrimas ao sorriso no rosto, isto também era bom. Também nos emocionava, sem clicks, com tempo de sobra, inventávamos os melhores tempos.

Não necessitávamos de tempo de correção, eternizávamos sem distração, em uma singularidade para viver a sensação de realmente viver cada emoção, cada instante, sem refação, sem cortes, admitindo os riscos, de qualquer fato que poderia dar errado. Para que o filme de nós mesmos emocionasse não precisávamos de um roteiro, isto era um privilégio misteriosamente sagrado e especial, fazendo algo com poder de unir as pessoas, transformados pela celebração impar da vida. Significando existir uns para os outros e para nós mesmos.

Em um oceano de páginas não escritas, de fotos não registradas, de filmes não filmados, os momentos seriam todos exclusivos e inéditos, em meio a este mar de emoções e compreensões de ângulos distintos do sol ao corpo e da lua nas águas, onde a noite você seria meu farol e suas estrelas seriam meus flash. Risos e alegrias. Amaria registrar tudo. Dentro de mim apenas sua imagem. Faz um favor, em minha alma, se me amas, deixe seu like! Por hoje não seu Kiss, ao rosto, para que o tempo não nos traia! Deixa seu flash me iluminar, deixa sua flecha ao meu coração tocar. Se for pedir demais,  se realmente gosta de tudo em mim, gosta do meu escrito, então... Deixa apenas seu like?

Juninho GeaD.

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