Acartado e desmantelado, assim estava o coração
Daquele diletante, que vivia na sua própria ilusão
Um monturo de bagatelas, uma vida de balela
Mergulhada no lodaçal da sua falta de cautela
A birosca era seu refúgio, a patota seu abrigo
Num ajantarado de mentiras, vivia o patife intrigado consigo
Mas um dia, apareceu ela, a verbenácea donzela
Com seu elã encantador, que rompeu a tristeza amarela
Chegou de mansinho, asseada e estribada
Deixo-o apaixonado, sem forças e embriagada
Com seu sorriso pateta, despertou sua pachorra
E ele se via cativo, dentro de uma dura cachola
Mas a moça era esperta e não se deixava enganar
Sabia que aquele amor era só um mafuá passageiro
Não queria um amor pateta, chinfrim e fajuto
Queria algo supimpa, vultoso e verdadeiro
E assim, num sopro de dentifrício refrescante
Ela partiu, deixando-o com o coração acartado e cambaleante
Restou-lhe a mágoa, a saudade e o cafona disfarce
Naquele borocoxô de um amor que nunca foi real e verídico de fato
Agora, ele caminha pelas ruas do cafundó
Com seu ar careta e sua vida chumbrega
Achando-se um janota, mas sendo só um pateta
Que perdeu a chance por ser patego e indiligente
E lá no cantinho da cidade, a sirigaita sorri marota
Por ter escapado desse farrapo de homem sem noção
Deixou-o murundu, sem ação e sem orgulho
E seguiu seu caminho em busca de uma verdadeira paixão.
- Edson Alves
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