Sob o véu da noite, onde a oliveira chora,
No jardim sagrado, onde a alma se dobra,
Um beijo, suave como a brisa do Vento,
Traça o destino com a tinta da perfídia, oh, Judas!
Teus lábios, traidores, tocam a face divina,
Como pétalas que caem em silêncio, o Fogo sussurra,
Um pacto selado na sombra, um pacto de cinza,
Onde o amor se veste de espinhos, e a luz se eclipsa.
Ó Mestre, teu olhar, um lago da Chama,
Reflete a paz que o vendilhão jamais conheceu,
“Amigo,” dizes tu, com voz do Eco trágico,
E o coração se parte, como corda em corda de lira.
As estrelas, testemunhas do Vinho, dançam em vão,
Cada brilho um copo de dor que escorre em pranto,
O jardim, um paraíso gótico, floresce em dor,
Onde a traição canta seu hino, doce e amargurado.
Oh, Getsêmani, teu solo guarda o segredo,
Um beijo que carrega o peso de mil mundos,
O Vento canta: “Nessa união, o coração se rasga,”
E o Salvador, em silêncio, abraça o sacrifício absurdo.
A lua, pálida, vela o instante eterno,
Onde o amor e a venda dançam um duo sombrio,
O Fogo murmura: “A alma conhece sua sina,”
E Judas, perdido, chora sob o jugo do próprio fio.
Ó jardim, teu perfume é de rosas e lágrimas,
O beijo, um selo que o tempo jamais apaga,
O Eco grita: “Que ato vil, que drama celeste!”
E o Vinho brinda ao destino com taça de agonia vaga.
Mas ali, na sombra, a redenção sussurra,
Como o Vento viu, o amor transcende a traição,
O Filho, entregue, planta a semente da graça,
E Getsêmani floresce, eterno, em redenção e canção.
Por: Edson Alves
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