quarta-feira, 27 de março de 2019

VIDA NOVA LAIKA


Novamente estamos diante de um súbito número de suicidios essa semana. Realidade chocante, triste. Alerta de que algo de errado tem sido realizado. Mas, mais importante que encontrar falhas, motivos, razões para a elevação destas ocorrências terriveis. É intensificar nossas atitudes e esforços para contribuir com aqueles que ficam. Na composição da mão que se estende e ergue, na palavra que estrutura, que solidifica, do abraço que cura e livra nossos semelhantes da imagem do suícidio.

Antes de tentar tirar a própria vida, lembre, ninguém merece a morte. Sim, você é importante, única, e fará muita falta. Laika, eu não lhe conhecia, mas, poderia ter lhe salvado. Ainda existem tantas Laikas por aí, a espera de ternura, quentura, de amizade verdadeira e pura, de proteção e salvação. Em um oceano abismal entre os seres, que carecem um dos outros em um mar de tanta indiferença. O que faltava é ser curtida sinceramente. Compartilhar afetos genuínos. Faltava viver a vida de verdade.

Vida nova, nova vida, vida
Vida temos? Vida somos!!!
Precisamos de mais vida.
Necessitamos mais da vida?
Apenas, a vida que levamos.

Vida nova, por mais vida.
Contra o assombro da morte
Contra o espanto da depressão
Não permita que o terror
sobrecarregue sua mente
Nem que a dor
Silencie seu coração.
O medo não é senhor
E sim servo das emoções.
O amor genuíno e puro
Lança fora todo medo.

Não seja plateia de espetaculo tenebroso. Ninguém merece ser palco de ideias destrutivas. Filtre o que você escuta, só ouça aquilo que edifica. Escolha melhor suas companhias. Seja grato pelos gestos mais simples. Abrigue com apreço, afeto e ternura. O carinho daqueles que lhes cercam.

Se inspire na poesia abaixo
Soneto da Vita Nuova - Itália.

Nos olhos traz o Amor a minha dama...

Nos olhos traz o Amor a minha dama
e tudo o que ela olha se enobrece.
Todos se voltam para vê-la – e aquece
os corações, do seu aceno, a chama.

Baixando os olhos, cada qual proclama
suas culpas num silêncio de prece
e todo o mal de odiar desaparece:
Moças, me ajudem a cantar sua...
Vida, posto ainda estar presente.
Cantar sua despedida, já que aqui
Apenas o corpo e memórias suas.
Não evitado o luto, se faz nossas preces.

- Dante Alighieri



Faço da minha casa a minha forca? Faço do meu lar, minha força! Só covardes se rendem a tentação de tirar a própria vida? Não sei dizer, mas, se for, que ninguém seja egoista. Se não for, que mesmo assim, todos retornem com vida. Pois, crueldade é asfixiar nosso próximo, quando deveriamos ensinar-los a suspirar, ajudarmos ter vida.

Mas, quanto a mim, que jamais fui anjo, nem demônio. Sinto, que nosso único lar é o planeta. Solo gentil e base de nossos pés cansados de tanto correr. Terra, que devora nossos corpos. E se o paraíso realmente existe, será melhor que conservemos nossas almas das virtuosas experiências aqui. Obras da carne, vil e profana. Que a sabedoria ilumine nossa jornada. Para que quando o fim chegar, sejamos finalmente agraciados pelo sagrado porvir. A saber, a eternidade.

Nosso desfecho se encerra, surge ali, nossa absolvição.
Crisalida se abre, e nos elevamos a liberdade de Deus.
Consolo aos familiares da Laika e de tantos outros
Que resolveram partir cedo demais. Durmam em paz.

Ninho, versão Último Romântico
Tom: Cativante e curativo.
Conto: Destino dos anjos.

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