quinta-feira, 5 de novembro de 2020

SOL DA JUSTIÇA


 

“A vida de uma criança nem sempre é um parque de diversões, às vezes roda gigante e montanha russa são disfarces ao perigo da morte, onde a gente tenta sobreviver sorrindo!”. - Edson Alves


Abri meus olhos

Desembrulhei este mundo como caixa

Mas não vi só presentes lá dentro


Aos 5 anos fui a coma.

Aos 7 andei até meus pés se esfolarem

Aos 10 quebrei minha cabeça 


Minha mãe teve mioma

Depois veio a gravidez

Quando ela nos abandonou

Veio a depressão 

E um buraco negro consumiu minha infância e sonhos que levava tão bem guardados aqui dentro



Vi meu sol

Se escurecer ao redor

Enfraquecendo a luz que fortalecia meu dia


Ao Sol da justiça 

Eu perguntei até quando?

Até quando?


Vi pessoas indo ao santuário 

Para adorar um Deus que não conheciam

Vivendo mentiras como verdades

E não seguindo o livro sagrado como deviam

Entorpecidos feito mortos, dormiam a sombra da cruz


Faces monstruosas 

Disfarçadas em máscaras angelicais


Um rebanho manso

Guiados por lobos selvagens

Que aproveitavam da lã a carne

Para se auto sustentarem.


Aquilo pintou de cinzas outra vez o olhar do meu viver


Ao sol da justiça 

Perguntei até quando?

Até quando as pessoas irão sofrer?


Ao sol da justiça perguntei até quando?

Até quando?

Até quando? 


Até quando?


Meu dia chegou

Me apressarei 

Em apresentar minhas mãos 

Nelas estarão minhas obras

E a velha pergunta que não quer calar


Até quando? 


Quem sabe eu a ouça soar da expressão do som alado algo como


Até quando a morte chegar!


E o sol da justiça 

Finalmente brilhará!


Sol da justiça até quando?

Até quando ficaremos sem ver tua luz brilhar 


Até quando teu povo sofrerá? 

Brilhará pra sempre


Edson Alves

Versão: Menino Sol

Poesia falada: O Sol Pelo Olhar de Uma Criança

Tom: Perspectivo e Retrospectivo.

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