segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O MISTÉRIO DA MORTE


Eu sempre tive amor pela morte. Não se assuste, é que o ângulo que meus olhos escolheram para fotografar a morte é distinto aos demais. Não falo jamais do mito da morte, aquela que tem sede de sangue. Não! Refiro-me a morte serena, a que chega repentinamente, a que revela em todo um fim, um novo início. Vejo assim, porém, por favor, não me encare como um insano sofrendo seus delírios. Não observo a morte como o encerramento, mas, como passagem, uma espécie de finalidade humana. Um portal que nos conduzirá ao além, aos braços do Divino. Distante quem sabe estaremos das dores da vida terrena. Estou farto do teatro que é a vida terrena. Nunca tive sangue de artista grego, seus dramas e máscaras não foram forjados para meu ser singular. A morte é um caminho misterioso que nos conduz a algum lugar que tememos por desconhecer seus profundos segredos. É um túnel, em seu fim vejo a luz brilhar. É a janela que dá para um quarto escuro. É o princípio logo após o fim. É a dádiva, só que agora por completo e perfeita. É o único jeito de nos elevarmos além dos corpos mortais nos tornando novamente semelhantes ao absoluto, novamente eternos. O problema é que ninguém consegue decifrar o enigma da morte, afinal, para desvendar é necessário antes viver uma vida bem vivida. Cumprir a missão do ser e estar, bem como fazer a diferença. E ainda assim, encontrar o caminho de volta e nos revelar e se privar de viver o outro lado da existência, agora plena e pura. A morte é o cheque mate de qualquer destino, quando natural, sempre será bem vinda, meu coração te convinda a entrar e minha alma lhe vence, após matar o cazulo de meu ser, a prisão imperfeita e corroída, o vale da perdição do ser, esse corpo carnal e pecador. Não temos medo da morte, mas, do juízo que precede a ela. Na verdade o que tememos é a consequência de nossos atos.

-Edson Alves

O DESTINO


Nós não escolhemos nossos destinos. É ele que nos escolhe. E quem nos conheceu antes do destino nos guiar, não entende a grandeza das mudanças que sofremos. Eles não entendem o quanto pode perder se fracassar. Que você é um instrumento de um plano infalível. E que toda sua vida depende disso e pode estar em risco. Um escolhido percebe rapidamente quem o compreende e quem deve apenas ficar em seu caminho. Falar de vida e missão faz lembrar-me da terra, nosso lar. A terra é imensa, grande o bastante para que você acredite que pode se esconder de tudo, de todos, do destino, de Deus. E encontrar um lugar longe o suficiente, e aí, você foge para os confins da terra onde tudo parece seguro novamente, lugar de descanso, tranquilo e agradável. Onde finalmente habita o sossego do silêncio, onde repousa a paz, onde talvez exista consolo para suas dores. O alívio do mar bravio, um pedaço do perigo deixado para traz. O privilégio de estar de luto, a luta para não ser tratado como um lixo e tornar a ser humilhado todos os dias. E talvez por um momento, frações de segundos, você acredite que tenha escapado. E não deseje mais olhar para trás. Até que o destino novamente lhe abra os olhos e mostre-lhe a verdade. Quando o futuro tornar-se presente diante de ti e o destino lhe confrontar, resistir não lhe valerá de nada. Precisará ter coragem para seguir em frente. E com a certeza de um escolhido você terá que levantar a cabeça e olhar na janela, finalmente destrancar as portas e passar por elas em direção a sua finalidade. E quem sabe triunfante, encha os pulmões de ar e com brilho nos olhos corra em busca de alguém que grite socorro, mais uma pessoa que necessite ser salva. Que revele o dom da vida que existe dentro de seu coração lhe fazendo sentir que vale a pena viver por um objetivo maior. Quem sabe neste momento, acredite que é um escolhido e não há como fugir de seu destino.
                                                                                                                            -Edson Junior

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

ENTRE O SÍ E O TALVEZ!




REFÉNS DO PENSAMENTO DE FREUD
Entre o si e o talvez, reside sempre à dúvida. Ao que podemos afirmar sem certeza de nada que o mundo mudou. O mundo mudou! O mundo mudou? O mundo mudou em quê? A Religião assim como a modernidade nos prometeu um mundo melhor. E o que vemos ao redor? Como observamos os sinais a nossa volta, perplexos ou insensíveis? Esse foi o ponto de partida pelo qual escolhi discutir a respeito do quanto ainda somos reféns do pensamento de Sigmund Freud em sua crítica a religião. Vejamos nossos heróis nunca foram heróis de verdade! Trocaram o “cuide dos pobres” pelo “enriqueça a qualquer custo isso te fará bem!”. Como se dinheiro e felicidade fossem companheiros inseparáveis. Pois bem, longe de parar por aí, reflita um pouco sobre o significado dos clichês gospel. “Pare de sofrer”. Pare de sofrer? E a presente tribulação do século se perdeu no milênio? O correto seria aprenda com o homem das mãos furadas, corpo moído e os pés sangrentos da via dolorosa, e quem sabe no madeiro você encontre o verdadeiro significado de viver. Definitivamente o sentimento bárbaro aparece uma vez ou outra no meio de nós, nos falte talvez sentir repulso por tais sentimentos. Mas, somos tão tímidos na maneira de viver nossa fé. Quem sabe nossa fé não seja genuína. Quem sabe nossa religião não seja cristã, ou seja, apenas uma caricatura da Religião muito distante da Religião em si. Imagino que talvez sejamos mais religiosos do que cristãos e aí more o perigo. A verdade é que nossos discursos foram belos, porém apenas discursos não amadureceram a prática. Mesmo tentando fugir de generalizações me incomoda admitir que a fome, a miséria, as doenças, os vícios, a corrupção não nos incomode mais. Tornamos-nos expert’s em insensibilidade. Onde está o ”Ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda criatura”? A palavra de ordem hoje é, fique onde está e cuide de si mesmo! Primeiro você. E depois? Tarde de mais para pensar-nos em outros! Continue, você precisa pensar em você, este é o momento que você mais precisa de si. Afinal, o outro não pode te ajudar pelo fato de também ter aprendido a pensar em si mesmo! Triste, no entanto, é a verdade desnuda diante de nossos olhos ambiciosos pelo destaque, pela fama, pela grana, pelo status, pelo poder, exclusivamente pelo poder. Somos reféns do pensamento de Freud, muito antes do pensamento de Sigmund Freud existir. Nas palavras do próprio Sigmund Freud segue abaixo. :
“Nada do que eu disse aqui sobre o valor de verdade das religiões precisa de apoio da psicanálise; já foi dito por outros muito antes que a psicanálise surgisse” (Os pensadores, p. 112).
Afirmo isto, por entender que talvez Freud tivesse observado o suficiente para compreender o quanto a religião estava comprometendo a substância da fé cristã de sua época. Afinal, é nossa prerrogativa, defendermos que a fé sem obras é morta. E si S. Freud estivesse incomodado com a morte dessa fé? Talvez em sua maneira de pensar a única saída seria assumir responsabilidade. Colocando no lugar da “ideia” de Deus a Ciência. Seria uma forma convincente de dar um basta na situação cômoda de lançar para Deus os problemas que deveríamos resolver. E se na verdade o desejo de S. Freud fosse que vivêssemos a vida no seu mais profundo significado? Falar de Ciência para Freud talvez equivalesse a falar ao homem, viva a vida! Assuma suas responsabilidades! Encare os desafios de frente! Resolva seus próprios problemas! Deixe de ser criança, seja homem! Em carta escrita a um amigo Freud afirma. :
“O fundamento último da religião é o desamparo infantil do homem”.
Segundo Urbano Zilles no capitulo 7 intitulado Freud: A provocação do ateísmo psicanalítico. Pp147 do livro de Psicologia da Religião, a origem da religião aparece, em Freud como a nostalgia que o homem tem de um pai onipotente que o console e proteja, em sua angústia pela dureza da vida.
Digo que somos reféns do pensamento de Freud pelo fato de não apresentarmos nada de concreto que invalide sua maneira de pensar ao nosso respeito, muito pelo contrário, estamos cada vez mais, mesmo que sem se dar conta, amalgamados com o pensamento de Freud a respeito da religião. Sei que generalizações é um risco, não podemos lançar tudo dentro de um mesmo saco e criarmos um balaio de gato. Mas, as exceções que invalidam seu pensamento é um perigo ainda maior, pois, não evidencia uma mudança, não promove transformação e amadurecimento de nossas práticas religiosas anticristãs. Mesmo por que, Freud não nega que a religião tenha exercido papel positivo para a humanidade. Segundo Urbano Zilles, Freud rejeita, pois, a religião como mundo ilusório e neurótico e defende a ciência. Mas, e se Freud estivesse errado? Talvez nós não precisássemos considerar os radicais, porém, o meio termo, um espaço ideal para um diálogo justo e fraterno. E se colocar a Ciência no lugar da Ideia de Deus, ou da religião, não passasse de projetar uma sombra? E si...Talvez? Resta-nos a dúvida. Será? Fundamento para tal dúvida, consiste em refletir que enquanto Freud nega a religião, Adler a tolera, Jung a vê com muita simpatia. Em síntese, Adler e Jung relativizaram muito a crítica da religião feita por Freud. Sendo assim, eu fico entre o sí e o talvez. Me arrisco a dizer que meu pensamento é Freud mesmo, risos.
- Edson Junior.

MOISÉS E O DESERTO 🌵:

**Moisés e o Povo no Deserto** Em terras de Faraó, ergue-se Moisés, Escolhido por Deus para liderar de vez. Com cajado em mãos e fé no coraç...