terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Vai, e a idade?


Quando a idade passa, agente quebra os espelhos...
Pinta os cabelos, esconde as rugas, tenta disfarçar.

Vaidade não tem haver com beleza.
É a certeza que na ausencia dela
Se faz necessário buscar alternativas.

Quando a beleza natural não coopera.
A vaidade ajuda, acrescenta e altera.

Pois, se o artista, redesenha e descobre.
O artesão esculpe, modela e revela.

Assim, deve ser o cuidado de nossas mãos.
Nos auto preservando dos efeitos do tempo.

-Ah vai, e a idade?

Jovem demais para morrer
Velho demais para dizer

Que tal? Ao ponto!

Nem criança, vivendo a velha infância
Tão pouco, adulto, acostumado ao tumulto.

Ainda amadurecendo.

Cheio de sabor, e de vontade

De não apodrecer...
De viver. Que tal?

Até que me torne maduro!
E espelhos me lembre...
De um tempo que não existe mais.

-Vai, e a idade?

Da idade, saudades
Vaidoso demais para admitir.

Assim é todo idoso.

Um dia se vai!

Então, interrompa o ponteiro das horas.
Quebre o relógio, faça o tempo passar devagar.

Corra, seja ligeiro, aproveite a ultima dica...

Psiu, chegue mais perto. Sim, mais próximo

Quer ouvir um segredo?

-Sim, sua idade?

Não temos todo tempo do mundo.

Só existe o aqui e agora.

Edson Junior,
Versão: Ampuleta Quebrada
Tom, pensativo.
Conto: Inventor do tempo

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