quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A DILETANTE E A CASA DA PAIXÃO.


Após as barreiras dentro de cada ser, existe um porto quase sempre seguro. Procure embarcar no barco de um outro alguém e deixe que as ondas te lavem, te levem mais longe que um dia imaginou chegar. Se a linha do horizonte se fizer sempre distante, por favor, lembre, não existe amor sem medo. Quem sabe quando passar a tempestade dentro de seu próprio ser, e essa embarcação não vir a pique, você desvende o oásis secreto dessa mente confusa e desse coração inquieto. Nem em toda selva habita o perigo, bem como as margens desse arquipélago belo, pode haver um oceano para te devorar pouco a pouco. É no deserto que os verdadeiros guerreiros são formados, quando não se alimentam do pó, são forjados do seu próprio suo.  Embora, o calor do dia não sirva para aquecer a noite fria, que a lua seja direção e as estrelas diretrizes a lhe guiar nesse mistério noturno. Não me encare como se a cor de seu sangue fosse mais vermelho do que a dor do segredo, sagrado, sangrento do meu coração. Não me observe como se já conhecesse meu olhar, e em uma atitude inusitada tivesse prestes a me decifrar. Me espanta seu delírio, seu velho jeito de encontrar uma resposta para tudo quando nem tudo possui uma causa e origem. Não acredito na sua capacidade de desvendar o que se passa comigo, o que realmente sinto aqui dentro. Mesmo pelo fato de eu observar que ainda insiste em comer pelas beiradas, sem saber, que quem queima seus lábios se alimenta intensamente e consome de vez a fome do desejo de ser. Não tive a intensão de te desmascarar, porém, sua velha infância era só uma imagem, um amuleto, no entanto, sou mais espiritual do que religioso, ainda que idolatria causa um mal danado a ambos, você não acha? Eu até gostei dos primeiros instantes, quando meus pensamentos eram sequestrados na calada da noite. Quando um silêncio de infinita reflexão me fazia perder o sono. Foi assim, quando eu era apenas um adolescente preso totalmente as minhas lembranças de ocasiões tão rasas, sem significados, períodos tão curtos e sem sentindo. Será que era assim que eu sentia? Acredito que tudo nascerá mais puro, mais verdadeiro, apaixonadamente mais belo, mas, por um outro alguém. Você era diletante demais para entender o amor que eu sentia! Suas crises de ataraxia, me sensibilizaram, me engessaram pouco a pouco sem que me desse conta do martírio que causou a minha alma. Sabia que foi por pouco que não me perdi de mim? É assim que nos recebe a casa da paixão? Agora que sei, não anseio mais voltar. Irei apagar minhas declarações de amor nas rochas daquela caverna; Não só isto, arrancarei as bandeiras com nossos nomes do alto da montanha; Ainda é pouco! Irei perscrutar o horizonte novamente, quando enfim, afogado nas densas águas desse grande mar eu estiver, avistarei o além e pairado descansarei  em paz distante de seus olhares sobre o mundo dando adeus ao pântano da ilusão que vivia ao lado seu. Quem sabe, eu vivificado, recomposto de meus temores e medos, lhe perdoe e sorria, e salte, e dance com sua própria alma, que é gêmea apenas de si.  Lhe conceder perdão foi o modo delicado que arranjei de dar a volta por cima. Terei coragem para vencer a mim mesmo, aprisionado em minha mesquinhez, me libertar de minhas angústias. Caso eu me supere, buscarei atingir o ápice em cheio, destruirei a antiga casa da paixão e te ensinarei por toda eternidade a respeito do profundo amor que o castelo do meu ser reservou para lhe abrigar sua diletante! Sei que me amava por diletantismo, que pena, pois, fui vocacionado a ter amar profissionalmente, talvez não acredite, mas, ainda sonho com o nosso casamento, evito que o rancor suas ervas espalhe dentro do meu ser frágil. Prossigo me dedicando a esta obra inacabada, interminável obra de perfeição imperfeita sentindo o calor desumano, aguardando o santo milagre!
-Edson Alves.

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