segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

MAR DA VIDA - UM DESERTO APARTE.


Muito feio falar de si, por escrito é pior, ao menos é o que diz a patrulha. Mas todo artista vive disso: Andy Warhol, Woody Allen, Domingos de Oliveira, Clarice Lispector, tantos... Mario Quintana revelou que ao longo de sua obra não há uma palavra que não seja sobre si. Ok, ele transformou o "si" em magnífica poesia. Outros camuflam as próprias histórias, fazem belas ou más metáforas. Fora disso, na escrita, já que estamos nela, a coisa se chama jornalismo e do tipo isento (existe?), ou tese científica, pesquisa, por aí. 

Há um excesso de realidade na ficção, concordo, mas o que não desce mesmo é aquela lengalenga morna que se produz para o mercado ou com olho na crítica. Quero crer que se pode tudo, contanto que instigue, encante, desarrume a gente. Digo isso assim por alto... é que dentro de mim, ultimamente, vai um turbilhão que não me deixa produzir nada muito objetivo. É minha terceira crônica para este site de ilustres, mas já não vejo como seguir sem antes despejar estas personalíssimas. E perdoem se vão cruas, sem tempero. Tenho estudado assuntos diversos a fim de ganhar conteúdo e engordar o repertório para quando for me expor artisticamente, nisso me concentro em disciplina monástica já faz meses. Cheguei a uma encruzilhada clássica, quanto mais aprendo mais se abrem vazios de conhecimento e me percebo emburrecendo com o passar dos minutos. Sou uma criatura cheio de braços numa ilha que ladeia outras de um grande arquipélago, quero alcançar novos povoados, mas meus braços nadam em direções distintas, não alcanço lugar algum. Esse é o pesadelo. Simplificando é o seguinte: não sei se leio ou se escrevo. Já esteve aqui? Há muito o que apreender, os assuntos saltam do computador, os livros se enfileiram na estante, a atração por eles é voraz, não serve a desculpa da falta de tempo porque criei um tempo que agora me atordoa com liberdade demais. Liberdade demais, eu disse isso? Disse, céus! Por outro lado, preciso inventar, quero me comunicar e não basta ir ao botequim, não se trata disso. Quero que gostem de mim, mas preciso me tirar do caminho. Posso ser muito desagradável, não presto para o tipo de contato que necessito construir; será uma ponte estreita por onde não passará muita gente. Caminhos perigosos se impõe e nada me impede de percorrê-los. Quebrei 20 ossos do corpo em aventuras físicas, por fora bela viola..., desvencilhei-me de tormentas que atravancaram-me o percurso, obrigando a exercer a profissão da ator da vida real de forma cautelosa para não escancarar vulnerabilidades enquanto destrinchava labirintos emocionais. Sei hoje que estou no ponto para um grande salto como jamais em anos anteriores. Foi necessário trocar de meio, enveredar pela literatura e seguir para a dramaturgia, e sequer pisar no palco da peça criada, mas observar de fora, como se aquilo não fosse meu. Foi necessário para me livrar de vícios protetores, de muletas técnicas, tantos mecanismos que impediam o alcance do sublime, único patamar que interessa quando o domínio é das artes. Agora estou seguro de que subirei no palco despojado, livre, a serviço de meu ofício. Levei um século para chegar aqui, apesar de não viver mais que 24 primaveras e não sei quando haverá a possibilidade de fazer o que deve ser feito, também não importa, a conquista seguirá comigo, e o que será, será. 

Enquanto isso mergulho mais e mais numa crise que afoga e me excita a cada hora do dia. De noite, durmo picado. Não estou infeliz, estou à beira de um abismo, mas me cresceram asas. Li outro dia que o homem poderá chegar aos mil anos. Me deu um cansaço mórbido imaginar a vida cheia de percalços sem fim, aquela sucessão de crises longas. A Bela Adormecida atravessou dormindo os cem anos dela, parece mais cômodo, além do mais ainda deu a sorte de ser despertada pelo príncipe e estar incólume. Hoje, já vivemos o dobro do que no século passado, e às vezes penso que seria um consolo estar no fim do ciclo. Por outro lado é tão bom dominar assuntos, esquecer e aprender de novo (haverá memória pra isso?), compreender, viajar, tocar um instrumento, saber músicas de cor, cantar bonito, cozinhar gostoso, vencer inseguranças, substituir mesquinharia por sabedoria...que maravilha o futuro! Sim, mil anos deve dar pro começo. Ou não. Estou em crise, não sei coisa alguma. E não me venham cobrar consistência, coerência, essas chatices, minha mãe já dizia: a incoerência é uma categoria lógica. Sabe-se lá o que significa...

O FUTURO DA PAIXÃO.



Era o fim de uma história de amor, dentro de mim correntes de ferro a se arrastar. Neste estado encontro uma grande dama das artes cênicas e, num ímpeto, derramo sobre ela a minha tormenta. Depois de tudo escutar, e como forma de consolo, a diva, do alto de seus oitenta anos, me diz: 
- Também estou apaixonada. Só que ele não sabe. Nem precisa saber. A paixão me faz.

                                                                                                                                              - Maite Proença

domingo, 29 de janeiro de 2012

PEDRAS



Nós éramos pedras de rua,
Chutadas, pisadas por pés.
Batíamos contra outras pedras
Rolávamos sempre em revés.
Até que caímos no abismo,
Disformes, quebradas, sem luz.
Nas trevas da noite ficamos
Perdidas à sombra da cruz.

A Pedra de Esquina do templo
Tirou-nos da lama fatal,
Limpou-nos do lodo envolvente,
É grande esse amor Divinal.
Nos fez pedras vivas e úteis
No templo, na causa de Deus
E ainda lapida as arestas
Que encontra nos filhos Seus.

A Pedra que os homens quebraram
Ficou como Pedra Angular.
A Pedra que foi rejeitada
É Pedra que pode salvar.
Se tu te perderes contigo,
Procure encontrar a Jesus
A Jóia das jóias, amigo,
É Pedra que Vida traduz.

Na guerra conta bem contra o mal
Sejamos um muro de fé.
Lutemos em prol dos princípios
Que sempre nos firmam de pé.
Em breve estaremos com Cristo,
Andando em caminhos de luz
E pedras, outrora pisadas
Seremos vitórias da cruz.

A Pedra que os homens quebraram
Ficou como Pedra Angular.
A Pedra que foi rejeitada
É Pedra que pode salvar.
Se tu te perderes contigo
Procure encontrar a Jesus.
A Jóia das jóias, amigo,
É Pedra que vida traduz.

                  - Leonardo Gonçalves.

JERUSALÉM DE OURO



O vento das montanhas, claro como o vinho
E o cheiro dos pinheiros
É levado pela brisa do crepúsculo
Junto com o som dos sinos.

E no sono profundo da árvore e da pedra,
Presa em um sonho,
Está a cidade solitária
E no seu coração - um muro.

Voltamos aos poços de água,
Ao mercado e à praça
O shofar chama no monte do templo
Na cidade velha
E em cavernas nas montanhas
Milhares de sóis brilham
Descemos novamente ao Mar Morto
Pelo caminho de Jericó

Refrão:
Jerusalém de ouro
De bronze e de luz
Por que não ser eu o violino para todas as suas canções ?

Porém hoje venho cantar para ti
E te elogiar
Eu sou o menor dos teus filhos jovens
E um dos últimos poetas

Teu nome queima os lábios
Como o beijo de um serafim
Se eu te esquecer Jerusalém
Que é toda de ouro

Jerusalém de ouro
De bronze e de luz
Por que não ser eu o violino para todas as suas canções ?

Por que não ser eu o violino para todas as suas canções ?

MESTRE DO UNIVERSO


Mestre do universo que tem reinado
Antes mesmo que qualquer coisa tenha sido criada
No momento em que tudo foi feito segundo Sua vontade
Como Rei foi então o Seu nome proclamado
 E depois que tudo chegar ao fim
Somente o Temível continuará a reinar
Ele que era, Ele que é Ele que sempre será em glória

Ele é Um e não há outro
Que possa ser comparado ou posto ao Seu lado
Sem princípio, sem fim. A Ele a força e o domínio
Ele é meu Deus, meu Redentor vivo
Rocha de minhas dores no momento da angústia
Ele é meu estandarte e o meu refúgio

A porção do meu cálice no dia em que O invocar
Nas Suas mãos eu depositarei o meu espírito
No momento do sono e então despertarei
E junto com meu espírito também meu corpo
O Eterno está comigo e eu não temerei

sábado, 28 de janeiro de 2012

NUNCA DIGA NUNCA


Hoje estou sozinho, vivendo meu sonho e fazendo o que eu gosto.
Escrever e refletir sobre minhas ideias, até que meus pensamentos um a um estejam agrupados.
Minha esperança se move mais rápido que um relâmpago.
Certamente ela é mais forte do que a força de mil trovões.
Por isso, é que deixei de lado minhas limitações.
Meus problemas, se tornaram só problemas e nada mais.
A solução eu mesmo carrego dentro do peito, pulsando firme em meu coração.
Este é meu valor diante da vida. Lembro-me dos meus primeiros dias.
Primeiros passos, jamais os esquecerei. Tombos, foram tantos não é mesmo!?
Mas, quem dirá que nunca caiu? O levantar é que nos torna interessante. 
E apresenta-nos esta lida com inúmeras interpretações.
Não faço uma leitura de mim mesmo, mas, do que consigo observar ao meu redor.
Sou limitado, e apesar disto, ainda não encontrei motivo para desistir de lutar.
E acreditar, que meus sonhos não são reais.
Não há ninguém na janela da existência que possa me fazer crer que não sou capaz.
Diante de tudo que já ouvi, dos conselhos que me formaram e fazem parte de mim.
Um, em especial eu dispenso, para mim não presta! É a palavra nunca...
Por isso, se em algum momento você ouvir meu discurso, meu pedido, meus sonhos...
Lembre, nunca me diga nunca.
Pois, tudo que eu desejar em meu coração na força do amor eu posso tornar real...
E tornarei. Esperem, e verão, meus sonhos são reais, minha vida é uma dádiva.
E meus pensamentos não são meras ilusões.
Nunca diga nunca. Pois, nunca é tempo demais para eu esperar!

ARQUIVO MORTO


Se eu ti dissesse que na mesma mesa onde come Obama se alimenta também Osama.
Você acreditaria? Ninguém acreditaria! Porque em crimes perfeitos, não existe suspeito.
Guerras sucedem com falso pretexto de justiça, será que percebem?

CARTAS FORA DO BARALHO

Nossas riquezas não são mais as mesmas.
Nossas lembranças são falhas no tempo.
Nossa esperança, não é mais nossa...
Nossa! Somos produtos deles...
E apesar disto...Quem caiu dessa vez,
Foram eles e não nós.
Desfizemos pra sempre os nós.
Já não somos como antes...
Cartas fora do baralho!

                                     - Edson Alves

PRIMAVERA ÁRABE


Mudarão as estações, nada mudou. 
Há quem acredite, que está tudo assim...
Tão diferente!
Se lembra quando eles chegarão um dia acreditar...
Que tudo era pra sempre. Sem saber...
Que o pra sempre, sempre acaba!

Cairão os ditadores...
Agora que caíram,
O que realmente mudou?!
Nada mudou!
Nem mudará!

CASTELO DE CARTAS.


     Ao montar a base do edifício de nossa vida, faz-se necessário sutileza e calma. Ao compreender o significado original de cada carta na construção do grande sistema, A frieza se faz, quais são as cartas que sustentarão o Castelo? Qual delas farão o sacrifício pelo topo? Lembra-te, apenas uma ocupará tal cargo! Será esta merecedora da posição? Será confiável? Que força aplicar quando a estratégia falha? Qual mesmo o segundo plano? Cada carta possui um valor, mas, será que identificamos o valor singular de cada uma? Será que somos movidos pelas regras do jogo? Sim, são as regras que nos movem. Quem nos apresentou o manual? Quem nos interpretou parece o X da questão! Getro nos deu vida do barro, e apesar disto, não passamos de marionetes mentirosas. Que me perdoe Pinóquio, mas, neste jogo, quem sabe melhor jogar com minha vida, sou eu. Só que isto não é xadrez, isso é um complexo de cartas com equações precisas e indecifráveis mistérios. Das cartas, qual será que representa minha verdadeira vontade?  Só espero que em algum momento eu esteja no topo. Impossível me parece, pois, sou forte e sirvo para base. Sou pesado de mais para o topo, e por este motivo meu castelo de cartas inúmeras vezes veio ao chão. Esta regra é a pior delas, me rege, governa meu jogo, mas, não me impulsiona a alcançar o objetivo final. Terminei, e embora tenha vivido uma vida inteira não percebi a beleza do castelo que ajudei a construir com meu suor, esforço, minha vida. Quem decifrar, revela-me o segredo e a cartada final. Melhor seria mudar as regras e fazer deste jogo, um lugar seguro de lazer e prazer.

- Edson Alves




sábado, 21 de janeiro de 2012

ELO ROMPIDO


"Foram as palavras e o tempo que os confundiram. 
Já não compreendem mais uns aos outros. 
Já não compartilham mais a mesma história.
Esqueceram que um dia foram um só povo.
Uma só língua, e as mesmas palavras."
                                                                            - Sem fronteiras, globo news.



Há quem deva argumentar que essa propaganda provoque um sentimento de saudade do período Pré-Babel, e que apesar disto, não passe de uma mensagem que incita, no sentido de preparar as pessoas para aceitação de uma ditadura global. Há porém, quem discorde e contra argumente, justificando que, esta mensagem é linda, e promove a união entre os povos, a saber, Judeus e Árabes; Americanos e Russos; Alemães e Ingleses, guardando  é claro os respectivos períodos de seus acontecimentos.
                                                                                                              - Edson Alves

FALSO PRETEXTO DE JUSTIÇA.




"De tal modo a ideia de justiça parece-me uma verdade de primeira ordem, a que todo universo dá teu assentimento, que os maiores crimes que afligem a humanidade são cometidos sob um falso pretexto de justiça. O maior dos crimes, pelo menos o mais destrutivo, e consequentemente o mais oposto a finalidade da natureza, é a guerra. E no entanto, não há um agressor que não tinja essa malfeitoria com o pretexto da justiça."
-Voltaire - O filósofo ignorante.

MOISÉS E O DESERTO 🌵:

**Moisés e o Povo no Deserto** Em terras de Faraó, ergue-se Moisés, Escolhido por Deus para liderar de vez. Com cajado em mãos e fé no coraç...